As margens apertadas e a alta dos custos de produção resultaram em uma baixa rentabilidade da pecuária leiteira em 2012.
A quebra da safra norte-americana, causada pela estiagem no ano passado, elevou os preços do milho e dos produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo) no mercado internacional e brasileiro, diminuindo o poder de compra do pecuarista.
Entre junho e agosto de 2012, o preço do milho subira 38,7%.
O farelo de soja mais do que dobrou de preço. A alta foi de 106,9% de janeiro a setembro do ano passado (figura 1). Para uma comparação, o preço do leite ao produtor subiu 2,8% em 2012.
O produtor sentiu no bolso a alta dos custos e reduziu os investimentos na atividade.
Segundo o Índice Scot Consultoria para o Custo de Pecuária Leiteira, em 2012 o custo de produção subiu 11,8% (figura 2).
Recuperação da margem em 2013
O mercado está favorável à pecuária leiteira em 2013.
A expectativa é de que haja recuperação das margens do produtor, tanto pela alta do preço do leite, como pelos custos de produção menores, em especial com os alimentos concentrados.
A safra recorde de grãos no Brasil em 2012/2013 e a expectativa de uma boa produção nos Estados Unidos (2013/2014) têm pressionado as cotações para baixo, em particular a do milho.
O milho está 22,4% mais barato em relação ao início do ano. O pecuarista está pagando 20,9% menos pelo grão em relação ao mesmo período do ano passado.
No caso do farelo de soja, a queda é de 9,1% desde janeiro. O alimento está 22,6% mais barato na comparação com setembro de 2012.
O alimento mais barato e o preço maior do leite ao produtor resultou em investimentos na alimentação, cuja resposta é rápida na produção.
A consequência é que a produção vem aumentando desde julho, no Sul do país, em outras importantes bacias leiteiras como Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
Considerações finais
O custo de produção da pecuária de leite caiu em 2013.
A queda do preço dos grãos compensou, em parte, a alta do salário mínimo e a alta dos preços dos combustíveis.
O preço do leite ao produtor subiu 19,8%, considerando a média brasileira. Os valores atuais já são os maiores historicamente, considerando os preços deflacionados.
Com isso, o resultado econômico da atividade deverá ser melhor este ano, em relação a 2012.
A expectativa é de que os investimentos, cujos resultados são esperados em médio e longo prazos, como investimentos em equipamentos, genética e programas sanitários, fiquem para 2014, após o produtor colocar a casa em ordem.
Paola Jurca Grígolli
engenheira agrônomo e consultora da Scot Consultoria