Party time!
Se a economia dos EUA tem demonstrado fragilidade e há riscos crescentes ao redor do mundo, o timing é péssimo para retirar estímulos.
Foi rigorosamente isso que disse o grande evento dos mercados mundiais: a divulgação da ata da última reunião do Banco Central americano, ontem à tarde.
Então, que continue a festa.
Diga-me: há algo mais forte do que dinheiro fácil e barato para alimentar o apetite por risco dos mercados?
Em um contexto de crédito ilimitado e a juros zero, a poupança não tem valor.
Simplesmente não há rendimento em deixar o dinheiro parado.
E isso, por óbvio, acaba fomentando a busca por outros ativos...
Quais?
A bola da vez
O Brasil está no olho desse furacão.
Vejamos...
Com a fragilidade da nossa economia ocasionando disparada do dólar ante o real e forte queda para os preços de nossos ativos, tornamo-nos o grande “beta” dentre as economias com alguma relevância.
Somos último peru com farofa fora do Dia de Ação de Graças. Oferecemos juros de 15% em um mundo de juros zerados.
E mesmo após nove altas seguidas, ainda temos uma Bolsa em dólares abaixo de 13 mi pontos. Nível equivalente ao piso atingido na crise de 2008.
Esqueça por um segundo nossas últimas derrotas acachapantes...
1 a 7?
0 a 8?
0 a 2?
Na Bolsa brasileira, o resultado é 8 a 0. São oito altas seguidas, possivelmente nove.
Se quebrarmos o desempenho por ações específicas, temos placares ainda mais expressivos, da ordem de +68,5%, +44,8%, +42,9%, +32,3%, +27,4%... em intervalo de 30 dias.
Com o bolso cheio de dólares que consegue a juros zero, o estrangeiro chega aqui e encontra algumas das melhores empresas brasileiras a preço de banana...
As maravilhas de comprar barato
Nossa economia melhorou? Pelo contrário. O prognóstico infelizmente é de deterioração adicional.
No entanto, os mercados já anteciparam a parte mais relevante disso.
Muitos investidores nos questionam sobre as ações chegando ao seu preço teto (lembrando que teto é somente um momento de rever as recomendações).
E estamos fazendo justamente isso, mas no piso.
Os fundamentos de algumas empresas continuam muito sólidos independentemente do preço de suas ações na Bolsa.
Ganho de 10% em apenas 5 semanas parece bom?
Todas as 4 ações recomendadas nas Oportunidades de uma Vida acumulam mais do que isso.
Nós também ficamos impressionados com a velocidade do rali da Bolsa brasileira.
Mas essa é justamente a vantagem de se comprar barato...
Mesmo errando você pode acertar.
O patinho feio da vez
O México, tido nos últimos anos como a bola da vez dos mercados, agora vive clima de fim de festa.
E isso pode contribuir para a migração de fluxo rumo ao... mercado brasileiro.
Abaixo, listo alguns motivos para crermos nessa migração de fluxo:
1) A Bolsa mexicana embute uma expectativa de crescimento médio anual de lucros de 20% até 2017. Isso parece um bocado otimista em face a temores de recessão global.
2) A dívida das companhias mexicanas está no nível máximo (2.8x dívida líquida/ebitda) desde 1998. A média de dívida/patrimônio líquido duplicou no México desde a crise de 2008.
3) O preço do petróleo baixo impactaria sobremaneira o México, porque corresponde a 20% das receitas do governo (limitando espaço de manobra) e enfraqueceria o peso.
4) As expectativas de melhora de crescimento de lucros (2014-16) é de 30% em dólares por lá (pouco realista), enquanto para o Brasil é de apenas +4%. Aliás, nos últimos 7 anos o consenso dos analistas tem errado para cima nas estimativas de crescimento de lucro para o México…
...e lá não tem Empiricus, ainda.
La migra
Obviamente, eu teria uma infinidade de argumentos negativos sobre a economia brasileira para listar aqui. É, infelizmente, o que tenho feito diariamente no M5M há dois anos.
Mas não nos esqueçamos que é tudo uma questão de preço.
Se aqui estamos no piso em dólares atingido crise de 2008, por lá temos um mercado extremamente caro. O múltiplo preço/lucro das ações mexicanas é atualmente o mais alto dentre todos os mercados emergentes (17x).
A vantagem de se comprar barato?
Mesmo errando você pode acertar.