Nos últimos cinco dias, a moeda norte-americana acumula perda de 5,35%. Na sexta fechou em R$ 4,7473. Parece que a queda veio para ficar, pelo menos no curto prazo, ainda que haja momentos de realização.
Podemos atribuir o fortalecimento expressivo do real, que lidera os ganhos entre as divisas emergentes neste ano, a dois fatores: perspectiva de superávits comerciais robustos, na esteira da aposta de que as commodities seguirão em patamares elevados com o prolongamento da guerra na Ucrânia, e amplo diferencial de juros doméstico e externo, a despeito de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já ter sinalizado elevações sucessivas da taxa básica dos Estados Unidos.
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Também ajuda o real o fato de que nos últimos dias está havendo forte entrada de recursos externos, além de postura mais ativa dos exportadores, que estariam antecipando fechamento de câmbio.
O fluxo cambial total é positivo em US$ 1,612 bilhão em março e em US$ 9,466 bilhões no acumulado do ano. Com a taxa real de juros elevada, é muito caro fazer hedge (proteção) ou apostar contra a moeda brasileira, o que tem levado a um desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro.
A guerra também coloca o Brasil como uma boa opção entre emergentes, já que a Rússia sai do cenário. Somos um dos emergentes grandes produtores de commodities.
Parece, inclusive, que o desfecho das eleição presidencial não assusta os investidores, pois o mercado já conhece bem os dois favoritos: o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pontos de atenção que podem reverter a queda ou estacionar este movimento são:
1 - tensões políticas em época de eleição;
2- descomprometimento com o ambiente fiscal interno ou ações para angariar votos;
3- final da guerra;
4- as altas de juros do Fed".
Para hoje vamos acompanhar o Boletim Focus e o investimento estrangeiro direto no Brasil.
Boa semana e que seja lucrativa para todos!