Ontem o mercado financeiro fechou com a BOVESPA devolvendo todo o ganho do ano e o dólar com o seu maior preço desde dezembro de 2008.
Mas estes não são movimentos desconexos, mas sim correlatos e podem se tornar preocupantes.
Podem indicar que recursos estrangeiros estejam saindo do mercado acionário “com pressa” deprimindo os preços das ações e impactando na formação do preço do dólar no mercado à vista com movimento também de saída dólares na mesma velocidade com que os reais deixam a Bovespa.
Assim, a Bovespa cai e o dólar sobe. Faz sentido.
E por que preocupante?
O Brasil atravessa fase de baixa atratividade por parte dos recursos externos, absolutamente insuficientes em seus fluxos às suas necessidades, não pode contar com contribuição de sua balança comercial e já está com US$ 100,0 Bi de contratos de “swaps cambiais” colocados liquidamente no mercado para “comprar credibilidade” do real e assim evitar uma apreciação exponencial do preço da moeda americana. E de quebra já tem projetado déficit em transações correntes em US$ 80,0 Bi que pode ser agravado, isto sem esquecer que o dólar a este preço contribuirá também para o agravamento da inflação que já está em torno do pico alto da meta.
Muitos poderão lembrar que com o preço do dólar alto poderemos exportar mais, esquecendo que já se vislumbra perda de US$ 11,0 Bi nas exportações de soja e minério de ferro devido à queda dos preços destas commodities no mercado internacional, embora se espere compensar esta perda com a melhora dos preços do petróleo no mercado internacional devido a queda de crescimento previsto das principais economias.
Mas devemos atentar para o fato da participação de mais de 25% de produtos e insumos importados na nossa economia e isto com o dólar com preço elevado onera até os nossos produtos exportáveis e, até mesmo, das commodities agrícolas.
Neste momento o mundo nos olha e os investidores estrangeiros nos observam, e o Brasil para crescer de forma sustentável precisa de investimentos, nacionais e internacionais, estes para também ajudar a melhora dos fluxos de recursos estrangeiros que o país está precisando, até porque o modelo de consumo estimulado com crédito está exaurido.
O que será do amanhã efetivamente ainda não se sabe, até porque não se discutiu economia e nem projetos na área econômica para a recuperação do país ao longo do debate politico e suas perspectivas de crescimento, mas é bem provável que o dólar passe a ser a principal preocupação do governo que for eleito.
Afinal, como os candidatos não conseguiram deixar pistas de como será o processo de resgate do país para o crescimento, pode ser que os estrangeiros tenham resolvido observar à distância.