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O que são ETFs e quais os prós e contras de se investir neles?

Publicado 29.02.2024, 06:00
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B3SA3
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Olá, pessoal. Na minha coluna de hoje, explicarei o que são ETFs e elencarei pontos positivos e pontos negativos ao se investir neles. Como tudo nessa vida, não há solução perfeita que tenha apenas “coisas boas”. Precisamos sempre analisar instrumentos de investimento com essa visão: o que eles têm de bom e quais contrapontos trazem consigo. Se eu lidar bem com os seus contrapontos (o que muitas vezes significa aceitar riscos) e ele ter adequação ao meu perfil de investidor, maiores são as chances desse investimento ser para mim!

A sigla ETF vem de Exchange-Traded Fund, ou seja, significa em tradução livre um fundo negociado em bolsa. Entretanto, essa tradução não é a melhor definição de um ETF, pois fundos imobiliários (e outros) também podem ser negociados em bolsa, mas não têm as características de um ETF. No Brasil, os ETFs ganharam a alcunha de fundos de índice e essa seria a melhor definição de um ETF: fundo de índice negociado na bolsa brasileira.

CONFIRA: Cotação dos ETFs de Bitcoin

Mas o que isso quer dizer? Os ETFs são fundos negociados na B3 (BVMF:B3SA3) que procuram seguir um índice de referência. O fato desses instrumentos de investimento serem negociados na B3 os torna tão acessíveis quanto, por exemplo, a ação da Petrobras (BVMF:PETR4) ou o BDR da Apple (NASDAQ:AAPL). Dessa forma, você investe R$ 800,00 num ETF (ou seja, compra R$ 800 em cotas de um fundo de índice) da mesma forma que compra ações na B3, através do seu home broker.

Em tese, qualquer índice representativo de qualquer mercado (ou nicho) de investimento pode dar origem a um ETF. Temos hoje um total de 85 ETFs de renda variável, segundo o próprio site da B3. O principal índice seguido é o mais famoso deles: o nosso Ibovespa. Mas há ETFs diversos, tais como sobre índices de small caps, de ações espalhadas pelo mundo, de criptomoedas e até de futuro de milho – vale a pena conferir. Por sua vez, há um total de 11 ETFs baseados em índices de renda fixa. Para se ter uma ideia de como esse mercado cresceu muito recentemente, há pouquinhos anos, eram apenas vinte e pouco ETFs ao total!

PRINCIPAIS PONTOS POSITIVOS AO SE INVESTIR EM UM ETF

  1. Os ETFs representam estratégias claras e impessoais. Em outras palavras, o investidor sabe exatamente o que está comprando e não fica à mercê do julgamento do gestor do fundo, pois este precisa seguir um índice público.

  2. Os ETFs replicam carteiras com diversos papéis e são comprados e vendidos com uma única operação, o que os torna extremamente acessíveis para o pequeno investidor. Por exemplo, o ESGB11 (BVMF:ESGB11) segue um índice que conta com 96 papéis diferentes. Dificilmente um investidor pequeno ou mesmo médio será capaz de comprar esse número de papéis individualmente. Com isso, ETFs expandem a capacidade de diversificação dos investidores.

  3. As taxas de administração cobradas são bem mais baixas que em fundos tradicionais. Enquanto um FIA (fundo de investimento em ações) pode tranquilamente cobrar 2% ao ano (mais taxa de performance!), a maioria dos ETFs de renda cobra menos de 0,5% ao ano.

  4. Não é comum a cobrança de taxa de performance em ETFs. Aliás, eu desconheço que esses fundos cobrem e, até pela natureza de um investimento ETF, acredito que há pouco espaço para cobrança dessa taxa.

  5. Os ETFs permitem investimentos em diferentes mercados. Em particular, chamo a atenção para os dois ETFs que seguem o S&P 500, índice que abarca 500 papéis negociados nos Estados Unidos. Nunca foi tão simples investir em uma carteira tão ampla nos EUA. Tudo isso feito de maneira simples e por aqui, ou seja, sem incorrer nos custos de se enviar dinheiro para o exterior etc. Além disso, esses ETFs oportunizam ao pequeno investidor brasileiro investir em renda variável atrelada ao dólar: uma baita oportunidade para diversificar a carteira!

Até este momento no texto, se você é iniciante no mercado de investimentos, é possível que você esteja apaixonado pelo mercado de ETFs. Sim, eu também gosto muito. Entretanto, também vejo alguns pontos que precisam ser melhorados, especialmente aqui no mercado brasileiro. Vamos a eles!

CONFIRA: Cotação dos ETFs listados na B3

PONTOS NEGATIVOS DO MERCADO BRASILEIRO DE ETFs

  1. Em que pese o compromisso de o ETF seguir um índice, o fundo não está obrigado a replicar exatamente a carteira teórica representativa do índice seguido. Já vi performances bastante discrepantes em ETFs que têm o mesmo índice como referência, principalmente no mercado de renda fixa. Convém ficar ligado na performance recente e comparar com o índice referência.

  2. Por mais que o número de papéis em muitos ETFs seja alto, isso não significa necessariamente que se trata de uma carteira eficazmente diversificada. Uma carteira bem diversificada precisa balancear os seus ativos de maneira eficiente. Por exemplo, é notório que o Ibovespa não é um índice tão diversificado quanto poderia ser (até porque ele não foi construído para isso): no entanto, temos diversos ETFs que o seguem.

  3. Os índices seguidos são, muitas vezes, ponderados por valor de mercado do papel. Esta ponderação é passível de muitas críticas e a literatura acadêmica já conhece técnicas de ponderação de carteira mais avançadas e eficazes. O grande problema é que muitos dos índices nascem com o propósito de medir a rentabilidade média daquele (nicho de) mercado específico, e não com o propósito de representar um investimento eficiente. Quando esses índices viram referências para ETFs, o investidor estará comprando performances médias e não, necessariamente, as melhores possíveis. A teoria de alocação de carteiras está bastante avançada e índices com o propósito de performance superior poderiam ser criados para serem seguidos por mais ETFs.

  4. A liquidez da maioria dos ETFs brasileiros ainda é baixa. Isso se reflete no spread ao qual o investidor se sujeitará quando comprar ou vender cotas de um ETF. Em outras palavras, ao comprar (ou vender) cotas de um ETF, o investidor será obrigado a aceitar um preço acima (ou abaixo, no caso de venda) do valor de mercado.

  5. Infelizmente, a absoluta maioria dos ETFs brasileiros incorporam dividendos recebidos em seus patrimônios líquidos, ou seja, não os distribuem. Isso é tributariamente ineficiente pois dividendos distribuídos seriam isentos de IR, ao passo que ao ser incorporado, o investidor aumenta seu ganho de capital, que é taxado normalmente, ou seja, a 15%.

E aí, vai começar a investir em ETFs? Faça sua análise e tome a decisão que melhor se adeque ao seu perfil de investidor. Vejo esse mercado ainda recente no Brasil e torço muito pelo seu crescimento e aprimoramento, principalmente com a melhoria dos pontos negativos ressaltados acima. Para se ter uma ideia do potencial de crescimento desse mercado, apenas nos Estados Unidos há mais de 2 mil ETFs. Temos um longo e interessante caminho pela frente. Que venha a evolução. Sempre!

E aí, gostou do nosso artigo de hoje? Comente abaixo, pois costumo ler tudo que vocês escrevem e responder a todas as perguntas que, porventura, surjam. Para saber muito mais e acompanhar todo o meu trabalho, fica o convite para me seguir (@carlosheitorcampani) no Instagram, no LinkedIn e no Youtube.

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* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Treinamento e Consultoria. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.

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