Comecei a investir na Bolsa de Valores em 2009. Tinha adquirido certa amizade com o gerente do meu banco e pedi uma dica de investimento. “Ações da Petrobras”, ele disse. Nessa época, com 29 anos, eu já tinha alguma capacidade de poupança. Coloquei 1/3 das minhas reservas em Petrobras PN (SA:PETR4), cotada por uns 36 reais. Vendi dois anos depois, pela metade do preço. Durante esse período, desenvolvi a famosa ansiedade dos neófitos do mercado financeiro: olhar os preços do papel diariamente sem entender nada do que aquelas oscilações significavam. Essa foi a primeira disciplina do meu MBA no mercado financeiro: “Nunca pergunte a um barbeiro se você está precisando fazer a barba”.
Passado algum tempo, criei coragem de me aproximar de uma figura que, como eu, trabalhava no centro de São Paulo e que já tinha ouvido falar ser um milionário da bolsa: Luiz Barsi. Lá no Largo do Café, num encontro ocasional, perguntei por onde deveria recomeçar. Sem muita cerimônia, tirou uma caneta do bolso e anotou num guardanapo: Faça Fortuna com Ações e O Investidor Inteligente. “Deve ter lá no Sebo do Messias”, disse o seu Luiz. Estavam em minhas mãos menos de 20 minutos depois. Dessa história, sinto apenas um profundo arrependimento de não ter dado valor àquele pedaço de papel. Deveria estar enquadrado, como fazem com o “primeiro dólar”.
A partir desse momento, as coisas começaram a ficar claras. O Value Investing havia se apresentado da forma mais certeira possível e através do maior value investor do Brasil. Das inúmeras lições que tirei dos dois livros, poderia destacar três:
– O preço de tela não significa absolutamente nada;
– Investir é controlar as emoções;
E sem sombra de dúvidas, a mais importante de todas:
– Estude. Leia. Aperfeiçoe-se. Nunca pare.
Nessa jornada de 12 anos como investidor, além de concluir 2 MBAs na área, li algumas dezenas de livros sobre teses de investimento, valuation, finanças comportamentais, geopolítica e macroeconomia: As verdadeiras bases para se entender como o mercado funciona.
Mas, mais importante do que todo conhecimento adquirido é ter consciência da quantidade de coisas que você não sabe, pois são delas que nascem os superegos, as certezas a soberba e... a iminente bancarrota.
Ray Dalio diz que quer sempre estar certo mesmo que não tenha sido ele que tenha acertado. Penso esse ser o apogeu da autoconsciência da nossa limitação: Saber que, mais importante que errar é entender quem acertou e porquê - de preferência o mais rápido possível, pois no mercado, as coisas trocam de mão numa velocidade absurda até finalmente acabarem nas mãos de quem consegue enxergar valor. Quando isso ocorre, dificilmente saem de lá.
É essa a dinâmica que faz com que o apostador saia do jogo tão rápido e, o investidor, nele permaneça por muito tempo.