A reunião do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), ocorrida no dia 26 de janeiro, evidenciou o tom da entidade em reduzir os incentivos econômicos e prevê o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos nos próximos meses, podendo agravar ainda mais as quedas do mercado. Após a assembleia, houve, ainda, uma movimentação negativa do mercado, ocorrida pela incerteza atrelada ao cenário macroeconômico.
Marcado pelas grandes oscilações dos principais criptoativos da atualidade, o mês de janeiro teve como destaques negativos o Bitcoin, que apresentou queda de 22%, e a Ethereum, com desvalorização de 36% em dólares, de acordo com dados da Coinbase (NASDAQ:COIN) (SA:C2OI34). Sobre os stablecoins, foi anunciado que o ativo deve passar por um forte processo regulatório.
A mudança de postura do FED deve afetar o mercado de criptomoedas de três formas principais:
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Redução dos aportes de venture capital: à medida que ocorre o aumento da taxa de juros e a redução dos estímulos econômicos, o capital de risco do mercado é reduzido, por consequência os fundos VCs tendem a realizar menos aportes em ecossistemas mais recentes;
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Redução da atividade de Lending: o mercado de renda fixa em criptoativos estava performando como uma das alternativas para a rentabilização de portfólios em meio às baixas taxas de juros globais, de modo que a elevação o torna menos atrativo;
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Tese do Bitcoin para institucionais: caso o cenário de redução da inflação ocorra, o Bitcoin tende a perder força entre os institucionais, já que uma das suas principais teses está atrelada justamente a este cenário.
Visto esses pontos, 2022 tende a ser um período mais complexo para o mercado de criptomoedas do que o ano anterior.
Outra questão a destacar em janeiro, foi o aumento da pressão regulatória atrelada ao mercado de criptoativos por parte do governo dos Estados Unidos. Na última semana do mês, a gestão do governo Biden informou que liberará uma ordem executiva para que possam relatar a visão do país acerca do futuro do mercado de cripto no início de fevereiro.
Para que isso aconteça, ao longo das próximas semanas, eles irão consultar os principais órgãos financeiros regulatórios do país, como a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), Ordem dos Contabilistas Certificado (OCC) e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC).
Ao longo dos últimos dias, a SEC se posicionou em relação aos serviços, como Lending (empréstimos) e exchanges, a qual estão atrelados valores mobiliários, necessitando de sua regulação. Essa movimentação, em um primeiro momento, pode atrapalhar operações, como da Coinbase e Blockfi, assim como o mercado de finanças descentralizadas (DeFi).
A incerteza do mercado, em meio ao pessimismo atual, pode gerar reações negativas no curto prazo. Contudo, a regulação no longo prazo pode ser positiva para o setor de criptomoedas, possibilitando a destrava de protocolos como Uniswap e Aave, bem como a liberação de um grande capital de investidores institucionais, que precisam de segurança jurídica para apostar neste mercado.