O índice de atividade dos gerentes de compras, PMI, é um indicador antecedente da dinâmica dos setores econômicos, como da indústria assim como de serviço e, diferente da maioria dos indicadores macroeconômicos que nos mostram o passado, o PMI traz informações importantes sobre as expectativas dos agentes.
Em outras palavras, a produção presente é determinada pelas expectativas futuras e o resultado é interpretado de acordo com a pontuação apresentada, ou seja, valores acima de 50 indicam expansão do setor e valores abaixo de 50 indicam contração. Neste contexto, nesta semana, um conjunto de PMI foram divulgados, como do Brasil, dos EUA e da Zona do Euro.
Começando pelas potências mundiais, o PMI de serviços da economia americana foi de 47,3 em julho, abaixo da leitura de junho de 52,7 e sem dúvida o resultado corrobora com a expectativa dos agentes de desaceleração da atividade econômica nos próximos três meses, resultado o qual poderá influenciar no recuo da intensidade da escalada dos juros pelo Federal Reserve em setembro.
Olhando para a Zona do Euro, que tem sido afetada significativamente pelo conflito geopolítico, o PMI de serviços recuou de 53 em junho para 51,2 em julho, com fatores negativos como o atual patamar da inflação (CPI da Zona do Euro) e o recente aumento dos juros pelo Banco Central Europeu, trazendo impactos para a diminuição do poder de compra da população europeia.
Além disso, o PMI composto, que avalia conjuntamente o setor de serviços e a indústria, alcançou 49,9, podendo ser explicado pela menor expectativa de produção frente às preocupações com o abastecimento - notadamente para a energia.
Neste cenário, assim como na economia americana, o Banco Central europeu poderá avaliar os próximos passos na escalada dos juros, em que, choques mais intensos na taxa afetarão de forma ainda mais negativa a economia dos países europeus.
Já para a economia brasileira, que diferente das grandes economias obteve um primeiro semestre positivo, circunstância que levará ao crescimento do PIB anual, o PMI de serviços divulgado hoje de 55,8 (abaixo da leitura anterior em 60,8) mostra que o setor segue otimista para os próximos meses, mesmo em um cenário de juros altos, mas que ganha fôlego com o processo de desinflação já iniciado.
Deste modo, os PMIs apresentados neste artigo, dos quais procurei enfatizar o de serviços pois é o setor econômico primordial dos países, condizem que a economia global já começa a sentir os efeitos de juros mais altos assim como da inflação e, deste modo, a dinâmica do consumo e da produção possivelmente irão influenciar na decisão dos juros dos bancos centrais que avaliarão o trade off entre crescimento e inflação.