A EIP 1559 da Ethereum foi implementada há pouco mais de 100 dias e, conforme previsto, houve mudanças na estrutura econômica do ativo, que causaram impactos significativos no crescimento da rede, nas taxas e no holder, investidor que segura o ativo na carteira para o longo prazo. Entre os resultados da atualização, está a marca de 1 milhão de ethers queimados, com isso, US$ 4,3 bilhões em taxas pagas foram convertidas em escassez para o protocolo, o que por sua vez se traduz em valor para o token Ether.
Diante de uma análise fundamentalista, essa movimentação representa não apenas uma grande comprovação da efetividade da atualização, como também uma destrava de valor no tokenomics (estrutura de como o token capta o valor do protocolo).
É importante lembrar que um dos principais problemas que a ETH vem enfrentando são suas altas taxas, dado a falta de escalabilidade. Entre as propostas que podem mudar a história do criptoativo e do ecossistema cripto como um todo, temos a EIP 1559, implementada no dia 5 de agosto deste ano e que chegou com o objetivo de reduzir a volatilidade das taxas e melhorar a experiência dos usuários. A atualização visa solucionar a instabilidade a partir do desenvolvimento de uma taxa base que se ajusta a partir da utilização da rede, o que impedirá que o crescimento da tarifa aconteça de forma artificial.
O início do ativo foi marcado por críticas pela falta de uma política monetária bem definida e pelos ajustes arbitrários quanto à emissão dos ethers. Já com o EIP 1559, essa questão se altera de forma profunda. A atualização constrói uma ideia de “dividendos” para rede da ETH, visto que as taxas estão sendo queimadas de acordo com a utilização da plataforma, e os holders são beneficiados por segurar o ativo, o que possui um efeito muito positivo e pode construir a primeira ideia de fluxo de caixa da história do mercado.
Essa política econômica ainda pode afetar e muito a plataforma, já que o ativo pode se transformar em uma rede deflacionária no médio prazo, por meio da implementação do Proof of Stake - novo modelo de validação por parte dos mineradores, que entra em vigor no próximo update, o The Merge.
O que podemos esperar para o futuro da Ethereum?
Quanto ao futuro da criptomoeda, os desenvolvedores irão alinhar a implementação do Proof of Stake, o que deve ocorrer entre fevereiro e junho do ano que vem. Este próximo passo é conhecido como a atualização Ethereum 2.0. Já os problemas das taxas só devem ser resolvidos entre o final de 2022 e início de 2023 com a implementação do modelo de Shards.
Cada vez mais a Ethereum vem fazendo alterações significativas em sua estrutura, focando em criar um tokenomics mais atrelado a utilidade da rede e na captura do crescimento do seu ecossistema para o investidor. Além disso, as alterações estruturais a partir da ETH 2.0, a implementação do Proof of Stake e o modelo de Shards, tendem a gerar ainda mais descentralização e escalabilidade para o ativo.
Apesar da crescente dos concorrentes de primeira camada, a Ethereum segue sendo uma rede de grande inovação e de alta capacidade de atração para desenvolvedores. Esses são grandes diferenciais competitivos e caso a plataforma continue implementando atualizações bem-sucedidas, como foi o caso do EIP 1559, há uma clara tendência de valorização do ativo.
A meu ver, o futuro do mercado será multichain (com múltiplas blockchains interagindo entre si), no entanto há grandes chances de a Ethereum ser uma das redes mais relevantes neste cenário. E para você, qual será a principal rede de contratos inteligentes do mercado de criptoativos?