É a primeira vez que eu vejo empresas grandes, médias e pequenas se unirem no Brasil para fazerem doações. Se pararmos para analisar os números, veremos que o país tem batido recordes neste quesito. Já atingimos a marca de 2 bilhões de reais e o desembolso mais conhecido até agora é o do Banco Itaú. Não pretendo me aprofundar nesta questão. Como tudo na vida, existem pessoas que criticam e elogiam nossas ações. Faz parte do ciclo, mas o meu ponto hoje é outro!
Apesar de tudo, a crise causada pelo Coronavírus deixará um legado positivo quando nossas vidas voltarem ao normal. Estamos vivendo uma transformação cultural importante que vai muito além de um valor doado. Os consumidores estão mudando seus hábitos e muitas pessoas têm cobrado ações de responsabilidade social das marcas.
É claro que as doações são bem-vindas, mas o que precisamos analisar é se as companhias terão recorrência e coerência nesses atos. Queremos ver este posicionamento na cultura das empresas, não apenas em ações isoladas. E a grande discussão aqui é que os investidores também devem começar a olhar para estas questões com mais atenção.
Existem diversos estudos mostrando que organizações com boas práticas de governança e sustentabilidade tendem a trazer os melhores retornos para os seus acionistas. Este tema é bastante difundido em outros países, mas no Brasil o conceito ainda está em estágio inicial.
De acordo com a Aliança Global para Investimentos Sustentáveis, o investimento “do bem” gerou pelo menos 30 trilhões de dólares em aplicações sustentáveis em 2018. O índice MSCI ACWI ESG Leaders, que avalia as operações das principais empresas a partir de premissas de sustentabilidade, acumula alta de 50% nos últimos cinco anos.
No Brasil, a B3 conta com um índice próprio, o ISE (índice de sustentabilidade Empresarial). De 2005 a 2018, o indicador apresentou uma rentabilidade de 203,8%, contra 175% do Ibovespa.
Passada a crise, eu acredito fortemente em uma mudança radical no Brasil envolvendo questões de responsabilidade social e ambiental. Isto certamente causará impactos no mercado financeiro. É preciso que a investidora e investidor comecem a analisar a fundo o que os grandes players fazem neste aspecto antes de fazer qualquer aporte.
O futuro será diferente a partir de agora e isso passa diretamente pelas ações de toda a sociedade. E você? Já fez a sua parte?