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O que Já Era Ruim Pode Piorar

Publicado 03.09.2021, 16:04
Atualizado 09.07.2023, 07:32
IBOV
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O que já era ruim pode piorar.

Desde os tempos de Dilma Roussef os investidores brasileiros não se veem diante de tamanho desafio. Se em 2020 praticamente todos que entraram no mercado conseguiram obter algum ganho financeiro o cenário agora é totalmente diferente.

Os dados deprimentes do PIB no 2° trimestre e a fraca produção industrial em julho ligaram o alerta de investidores e chamam a atenção para uma clara desaceleração da economia. Com o roteiro atual já se começa a especular se a economia brasileira vem dando sinais de estagflação.

A estagflação ocorre quando se tem uma queda na atividade econômica e alta generalizada dos preços. O país sentiu isso na pele durante a gestão Dilma II (2014-2016), no entanto o cenário atual com desemprego, inflação e juros altos aliados com desaceleração econômica é bem similar ao da época.

Com toda a incerteza que paira sobre o futuro do Brasil torna-se cada vez mais difícil obter retornos expressivos estando alocado apenas na bolsa brasileira. Com a situação atual e os claros sinais de desaceleração da economia dolarizar parte do patrimônio não é mais um “luxo” de poucos mas sim uma necessidade de todos que têm condições de investir.

É consenso que as turbulências políticas vêm influenciando negativamente o mercado. Os eventos recentes e as ameaças de “ruptura institucional” já podem ser considerados uma prévia do que está por vir em 2022. Isso faz com que a bolsa brasileira venha derrapando no ano e apresentando um desempenho medíocre mesmo com ventos internacionais favoráveis.

No entanto, os sinais de desaceleração da economia norte americana, aliados com os preparativos da base de apoio do governo para as manifestações de 7 de Setembro, que têm como objetivo “parar o Brasil”, aumentam consideravelmente a tendência de queda do Ibovespa e elevam o prêmio por ativos de risco no Brasil.

Desde os anos 70 o prêmio Nobel em economia, Douglass North, ilustrou que todo país rico conseguiu trilhar o caminho para a prosperidade respeitando as denominadas “regras do jogo”. As instituições desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Ignorar isso é condenar gerações as futuras ao eterno subdesenvolvimento.

Dependendo do tamanho e da intensidade das manifestações no próximo feriado, a ruptura institucional pode ganhar força ou ser adiada por hora. Contudo, é preciso lembrar aos investidores entusiastas de uma ruptura o quão será desastroso para a economia.

Não podemos nos esquecer que pós 1964 o regime militar no início só conseguiu apoio popular e ficou durante 21 anos por conta das reformas do (PAEG) Programa de Ação Econômica do Governo que antecedeu ao “milagre brasileiro”, em que a economia vinha apresentando boas taxas de crescimento. Após 1974, quando o milagre acabou, o regime foi se deteriorando na mesma na proporção que a economia colapsava, até que implodiu em 1985.

O cenário agora é outro, muito diferente daquele vivido pelo país em 1964, não temos mais as condições de outrora. Atualmente a dívida/PIB alta, o desemprego em nível recorde, a inflação e uma carga tributária elevada limitam a atuação estatal. Não há margens para recorrer a políticas populistas como outrora.

A base de sustentação popular de qualquer regime seja ele democrático ou não é a economia. Qualquer atitude que vá contra os princípios democráticos poderá fazer a economia brasileira sofrer sanções internacionais. É improvável a qualquer governo manter seu apoio popular sem que o povo tenha comida na mesa.

Dificilmente vão continuar chamando o Presidente de “mito” se não tiverem as mínimas condições de subsistência. É uma questão de prioridade, no entanto é sempre bom lembrar a população que o que é ruim pode piorar.

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