Nos últimos meses, muito tem sido dito sobre a queda da Selic. Algumas pessoas têm criticado o atual patamar de 13,75% ao ano. Outros dizem que uma política monetária mais hawkish foi necessária para frear a inflação e que Roberto Campos Neto está na direção correta. Certos ou errados, a questão é que parte do mercado já começa a precificar uma redução em meados de agosto/setembro e, quando isso ocorrer, é importante que o investidor esteja bem posicionado.
Antes de iniciar, porém, vale uma breve explicação sobre como funciona a taxa básica de juros, talvez um dos indicadores mais importantes para a tomada de decisão dos agentes econômicos.
De forma resumida, ela é utilizada como referência para a definição de juros pelo mercado nas concessões de empréstimos, financiamentos e outros produtos de crédito. E, claro, ela também interfere na precificação e no retorno dos ativos de renda fixa e renda variável.
No Brasil, a conhecemos como Selic. No entanto, é importante ressaltar que este instrumento não é exclusividade nossa (cada país tem a sua taxa própria) e trata-se de um meio largamente utilizado em todo o mundo, não só como base para bancos e financeiras emprestarem dinheiro, mas como ferramenta de controle da inflação pelos Bancos Centrais.
Foi por isso que em meados de 2020, Roberto Campos Neto, presidente do nosso BC, ao lado do Copom, iniciou um movimento de alta da taxa básica de juros que saiu de 2% a.a. até chegar nos atuais dois dígitos.
Naquele momento, indicadores como IPCA e IGPM apresentavam sérios sinais de desancoragem, o que, em outras palavras, quer dizer que as coisas estavam saindo do controle.
Felizmente, o trabalho desenvolvido pela nossa autoridade monetária foi eficaz e produziu os efeitos esperados na economia. Contudo, passados mais de dois anos do período, a discussão hoje gira em torno da redução da Selic.
Porém, quando ela acontecer, o que o investidor deve fazer com os seus ativos?
Para responder esta questão, é importante olharmos um pouco para trás, quando a taxa caiu para o menor patamar em anos, a 2% . Quando isso ocorreu, foi natural a busca dos investidores ao longo do tempo por mais risco.
Em resumo, para que se obtenham maiores retornos, maior será a exposição necessária. Não existe mágica.
Quando falamos em investimentos de risco, as pessoas costumam pensar em renda variável e, de fato, faz todo sentido a busca por ativos em bolsa, por exemplo, em um momento de queda nos juros.
No entanto, o leque de opções pode ser bastante amplo. Os fundos multimercados, por exemplo, também costumam se beneficiar deste movimento de inflexão e podem ser uma alternativa intermediária entre a RF e RV.
Em outras palavras, o investidor não precisa, necessariamente, investir em ações quando a Selic começar a cair. Existem ainda uma série de investimentos viáveis e que são interessantes para acompanhar este novo cenário.
O crédito privado, por exemplo, pode oferecer boas rentabilidades, mas é preciso uma certa dose de cautela com a classe uma vez que, em tempos mais difíceis, retornos mais elevados são proporcionais aos riscos tomados pelo investidor.
Hoje, ao olharmos para a curva de juros futuros, por exemplo, vemos que a queda da Selic já está, de certa forma, precificada. Portanto, caso o investidor queira aproveitar as taxas atuais de dois dígitos precisará tomar uma decisão rápida pois a janela está quase fechando.
Por fim, nunca é demais lembrar da necessidade de uma boa diversificação da carteira. Quer você tenha um patrimônio grande ou não. A preservação acompanhada de uma boa rentabilidade e equilíbrio trará, sem dúvidas, bons frutos no futuro.
É preciso ter paciência e timing.
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