- A cotação do petróleo não é a única razão para a queda dos preços nas bombas de combustíveis ultimamente.
- As refinarias estão operando com capacidade quase plena, no momento em que geralmente reduzem sua produção.
- A razão é que a fabricação de produtos derivados de petróleo finalmente ficou lucrativa.
Os preços da gasolina nos Estados Unidos vêm caindo nas últimas cinco semanas. De fato, o preço médio do combustível está agora mais baixo do que há um ano. A queda dos preços do petróleo sem dúvida contribuiu para a redução do valor nas bombas, mas essa não é a única razão para o alívio no bolso dos motoristas.
Explicaremos a seguir como as refinarias e o comércio internacional estão impactando os preços da gasolina e do óleo diesel, com base em uma entrevista que realizei em meu podcast (em inglês) com Patrick De Haan, diretor-geral de análise de petróleo da Gas Buddy.
De Haan explicou que as refinarias têm um papel importante tanto para a alta quanto para a baixa dos preços da gasolina. Em geral, as refinarias dos EUA entram em manutenção em meados de setembro, após o fim da temporada de viagens rodoviárias de verão. Elas reduzem a produção ou ficam inativas em vários momentos até a primeira quinzena de novembro, a fim de realizar melhorias e a manutenção dos equipamentos.
Neste outono local, os trabalhos de manutenção foram extensos, mas a utilização sazonal das refinarias está alta desde que voltaram a operar. Em outras palavras, as refinarias estão operando com capacidade quase plena (95%), no momento em que geralmente reduzem a produção. Isso explica em parte por que a gasolina estava mais cara durante a temporada de manutenção, mas agora está mais barata.
Os preços do diesel também estão em declínio. Em outubro, o preço do produto subiu forte, porque os estoques nos EUA estavam baixos, principalmente no Nordeste do país. A região geralmente depende das importações de diesel da Europa, mas o continente não está mais adquirindo o produto da Rússia, obrigando a utilização do seu próprio combustível e reduzindo sua disponibilidade para exportação para a América do Norte.
Além disso, a temporada de manutenção das refinarias dos EUA coincidiu com o aumento dos estoques de diesel na Europa para o inverno, o que acabou restringindo o mercado especialmente em outubro. Em determinado momento, os EUA tinham apenas o equivalente a 25 dias de óleo diesel estocado, embora a situação não fosse tão dramática quanto a mídia divulgou.
Agora as refinarias voltaram a operar a taxas bastante elevadas, os estoques de diesel estão aumentando e os preços estão caindo. De fato, o armazenamento do produto cresceu para o equivalente a 31 dias de consumo.
No entanto, as previsões de clima mais frio do que o normal estão exercendo pressão sobre o óleo de calefação, que basicamente é o mesmo produto.
Em antecipação a esse clima frio, o preço no atacado está subindo. De Haan, no entanto, prevê que isso incentivará as refinarias a manter suas taxas de utilização acima do normal. Isso significa que a produção de gasolina também continuará elevada, na medida em que apenas uma parte do barril de petróleo pode ser usada para destilados, como diesel e óleo de calefação. O resto deve ser usado para a fabricação de outros produtos e combustíveis, como a gasolina. Se as refinarias continuarem produzindo diesel em taxas elevadas, os preços da gasolina continuarão recuando, devido ao aumento de oferta.
Uma razão para que as taxas de utilização das refinarias estejam acima do normal para esta época do ano é o fato de que os EUA possuem menos refinarias de petróleo do que costumavam ter.
A desativação da Philadelphia Energy Solutions em 2019 após um incêndio contribuiu para a restrição dos mercados de gasolina e diesel no nordeste dos Estados Unidos. Essa região costumava importar o produto da Europa e da Rússia, oferta que não está mais disponível. Outras refinarias estão mudando para a produção de biocombustíveis, devido aos grandes incentivos governamentais. Contudo, o mercado ainda demanda produtos petrolíferos, o que obriga as refinarias remanescentes a elevar suas capacidades, a fim de atender a demanda.
A boa notícia para essas empresas é que, após vários anos perdendo dinheiro ou auferindo pouco lucro, o refino de produtos derivados do petróleo finalmente se tornou lucrativo.
Aviso: O autor atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo. Publicado originalmente em inglês em 15/12/2022