As bolsas de valores do mundo estruturaram suas operações em alicerces para lá de frágeis, essa é a constatação possível para o desabamento da cotação atual do petróleo ou se trata somente de uma fase normal dentro das políticas econômicas?
O cenário em 12 de março de 2020 aponta que a resposta encontra fundamento na primeira pergunta. Se assim não for, teremos de considerar uma grande conspiração ao melhor estilo Moulder and Scully (do seriado norte-americano ARQUIVO X).
O que acontece na realidade é que o mercado de petróleo foi nocauteado pelos participantes da OPEP que não chegaram a acordo sobre cortes adicionais na produção (para aumentar a cotação do petróleo). Nesse ponto merece registrar que a Russia juntamente com o oriente Médio e Venezuela é uma gigante na produção de petróleo.
Na reunião da cúpula em 6 de março ocorreu a ruptura de um acordo de cavalheiros produtores de petróleo, em razão do reposicionamento contundente da Rússia e a consequente reação dos sauditas.
Vale lembrar que em 1º de abril (sim, isso mesmo no dia da mentira), o acordo que condiciona compromissos atuais de manutenção de preços "elevados" serão removidas da indústria de petróleo.
Diante desta configuração os sauditas reagiram severamente, relatando um declínio nos preços em todas as áreas de exportação, por meio da elevação da produção de petróleo, em especial pela pseudo-estatal Saudi Aramco (SE:2222) com produção recorde de 13 milhões de barris/dia. Por outro lado, os russos por meio da ROSNEFT elevou sua produção em ao menos 300 mil barris/dia.
Assim, nesta configuração os investidores consideraram tal ação como uma declaração direta de guerra de preços.
A queda da commodity até o momento, 12 de março, supera 30% em relação aos valores praticados no inicio de março.
Soma-se à situação do petróleo os eventos relacionados com o Coronavírus que eleva a quantidade de pessoas infectadas exponencialmente, o que causa redução de consumo, o que consequentemente reduz a produção interna das nações e impõe como há algumas poucas horas atrás pela autoridade máxima norte-americana, a proibição da entrada de estrangeiros oriundos da Europa nos EUA.
Logo, o cenário não poderia ser outro senão o colapso das bolsas mundiais.
A próxima reunião da cúpula da OPEP está prevista para junho. Contudo, o mercado espera (rangendo os dentes) que russos e OPEP convoquem uma reunião de emergência em abril.
Os russos sinalizam politicamente a retomada da cooperação dentro da OPEP (no sentido de reduzirem a produção de petróleo para aumento do preço)
Entretanto, ironicamente (ou estrategicamente) os próprios russos sinalizam que estão preparados para a manutenção do preço baixo do petróleo sem o sentirem os efeitos na economia da Rússia.
Em terras brasileiras, somam-se questões internas de ordem política e econômicas não resolvidas para demonstrar ainda mais a fragilidade de nossa economia.
O mesmo não pode ser dito pela OPEP, Venezuela e quem diria, o Brasil.
Deste modo, as seguintes perguntas ficam no ar:
- Quanto tempo durará mais essa guerra de preços?
- O acordo da OPEP para redução da produção será restaurado?
- Se não form, quais são os fatores que determinarão o preço nos próximos meses? Qual é o cenário mais negativo para o petróleo?
- Quem vencerá a queda de braço: Rússia ou OPEP? Qual interesse dos EUA nesta guerra de preços?
- O que acontecerá com o Brasil neste cenário? Qual o impacto desta guerra de preços para a PETROBRÁS e demais empresas do setor?
- O COPOM ainda possui instrumentos para estimular a economia interna?
- Qual o patamar seguro da B3 (BOVESPA) para compras?
A perspectiva de curtíssimo prazo não é das melhores.