A presença da democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em Taiwan durante a semana contribuiu para um ambiente ainda mais delicado na geopolítica. Reivindicada pela China, a ilha ocupou parte importante do noticiário, especialmente, por conta da relevância ocupada na economia internacional.
Antes de iniciar, porém, vale uma breve explicação sobre os motivos que geraram a tensão. A história de conflitos na região já é bastante antiga, mas, de forma resumida, Taiwan é considerada uma república rebelde pelos chineses, que não reconhecem a sua independência desde 1949, apesar de os taiwaneses possuírem leis e constituição próprias.
Desta forma, a visita de Pelosi foi vista pelos chineses como um sinal encorajador para militantes contrários ao regime do país comunista. Além disso, os Estados Unidos não consideram a ilha como uma “província” rebelde e contribui para a piora o fato de a deputada ser conhecida por defender posições duras contra a China.
Após o ocorrido, o Ministério das Relações Exteriores da China, por meio de seu porta-voz Hua Chunying, disse à imprensa que o país norte-americano carregará a responsabilidade e pagará o preço por minar a soberania e a segurança chinesas.
Para agravar o cenário, apesar de pequeno, Taiwan ocupa uma posição importante nos mercados produtivos internacionais desde 1990, quando se tornou um dos “Tigres Asiáticos” que despontaram com uma atividade de crescimento rápido.
Hoje, por exemplo, a ilha ocupa posição central na produção de microchips para computadores e dispositivos eletrônicos. Ou seja, trata-se de uma localidade estratégica, não só militarmente - Taiwan fica a quase 2 mil quilômetros de distância da capital da China, Pequim -, mas também economicamente.
Por fim, é importante ressaltar a posição ocupada pelos chineses atualmente e o interesse não só em Taiwan, mas em toda a Ásia. Muito tem sido dito sobre a estagnação econômica do país, mas o que temos visto é uma atividade bastante forte.
Em poucos anos, a China provavelmente se tornará a maior economia do mundo. O PIB per capita deve se igualar ao dos americanos. Segundo Gabriela Santos, estrategista, da JP Morgan Asset, há um movimento no qual eles “deixam de ser a fábrica do mundo para se tornarem seus consumidores".
Sobre o futuro, é difícil dizer o que ocorrerá. Fato é que após o ocorrido, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que os exercícios militares da China contra Taiwan representam uma escalada importante das tensões na região.
É esperar para ver. Nos mercados, vimos uma reação um pouco mais acentuada nos EUA, mas, ao menos por enquanto, os efeitos parecem não causar volatilidade. Para o longo prazo, porém, a conversa pode ser diferente.
Assim como outros emergentes, o Brasil precisará se concentrar cada vez mais em um desenvolvimento mais independente das nações de economias desenvolvidas. Com o cenário atual que reúne pandemia, guerra e política monetária contracionista, precisaremos fazer a nossa lição de casa.
Bons negócios!