Artigo publicado originalmente em inglês no dia 16/8/2017
Duas vezes por ano, as refinarias norte-americanas alternam a produção de dois tipos de gasolina: a de verão e a de inverno. (A Califórnia é uma exceção com mais duas gradações diferentes). A mudança para a mistura de inverno está em andamento e essa gasolina estará disponível nos Estados Unidos em meados de setembro. Para os consumidores, isso significa uma leve redução nos preços da gasolina. Para investidores de petróleo, isso significa o fim da temporada de viagens de carro de verão e a divulgação de importantes dados sobre a demanda de petróleo. Os motoristas dos EUA dirigiram o suficiente este verão para reduzir a sobreoferta de petróleo?
Dados de Verão
Investidores prestarão atenção aos números sobre utilização de automóveis nos EUA de organizações como a AAA para determinar quanto petróleo foi utilizado durante o verão. Também é importante saber quanto petróleo foi usado para produção de eletricidade no Oriente Médio para alimentar os aparelhos de ar condicionado durante o verão. E, no início de setembro, os olhos estarão voltados para os números de conformidade da Opep e países externos à organização para ver se estão ainda mantendo a produção baixa.
Projeções para Estoques de Petróleo Bruto nos EUA
Analistas da S&P Global Platts estão otimistas quanto ao fato de que haverá redução significativa no armazenamento de petróleo bruto nos EUA. Eles esperam que os estoques fiquem apenas 23% acima da média de 5 anos para a utilização de gasolina. Isso seria positivo para os preços do petróleo, porque refletiria uma redução significativa a partir de apenas 5 meses atrás, quando os estoques de petróleo bruto estavam 34% acima da média de 5 anos.
Impacto nas Refinarias
Se a estimativa da Platts for precisa, isso ajudaria a evitar que o preço do petróleo caísse com a redução sazonal da demanda e com as refinarias norte-americanas realizando manutenção durante os meses mais frios. Isso reduziria os preços do petróleo bruto, porque nesse momento menos petróleo bruto é processado e a tendência é de aumento nos estoques.
Ao mesmo tempo, a atividade de refino na Europa nas próximas semanas e meses pode servir como impulso aos preços do petróleo, já que importantes refinarias europeias estariam trabalhando para repor estoques de gasolina e diesel após paradas recentes (fortalecendo os preços).
Outras novas unidades de refino, em especial na China e no Vietnã, deverão começar a operar em breve, o que também seria um impulso à demanda de petróleo (fortalecendo os preços). Por fim, analistas também esperam reduções significativas sazonais no petróleo bruto durante o final do outono nas refinarias da América Latina (fortalecendo os preços), mas isso está um pouco mais longe no futuro.
O que os investidores de petróleo estão vendo agora
Entretanto, todos esses sinais parecem perdidos aos investidores de petróleo. De forma geral, eles parecem mais sintonizados com a produção ligeiramente mais baixa de julho nas refinarias chinesas (enfraquecendo os preços); os relatórios de contagem de sondas da Baker Hughes indicando que o número de sondas ativas nos EUA é o maior desde abril de 2015 (enfraquecendo os preços) e dados mostrando produção ligeiramente maior em países da Opepem julho (enfraquecendo os preços). Um recente relatório da Agência Internacional de Energia indicou que, embora os cortes na produção da OPEP e países externos à organização tenham levado a uma redução de 500.000 barris por dia no 2º tri, levaria muito mais tempo para fazer com que os estoques mundiais fiquem abaixo da média de 5 anos (enfraquecendo os preços).
A conclusão é que mesmo que alguns sinais indiquem que a sobreoferta mundial de petróleo esteja diminuindo lentamente, os preços do petróleo ainda são precários. A percepção, não a realidade, continuará a ter o maior impacto nos preços no curto prazo.