- O ouro atingiu US$ 3.000, mas encontra resistência com a realização de lucros.
- A desvalorização do dólar tem oferecido suporte aos preços do metal.
- As decisões dos bancos centrais nesta semana podem definir o próximo movimento.
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O ouro rompeu a barreira histórica dos US$ 3.000 por onça na sexta-feira, antes de recuar ligeiramente com a realização de lucros. A cotação segue próxima desse patamar nesta segunda-feira, impulsionada pela fraqueza do dólar americano e pelo cenário global de incerteza, agravado pela escalada das tarifas comerciais promovida pelo presidente Donald Trump.
A demanda pelo metal precioso continua elevada, reforçada pelo aumento das tensões comerciais e pela busca de proteção por parte dos investidores. O mercado agora se volta para as decisões de política monetária de três grandes bancos centrais nesta semana, com expectativa de que posturas mais acomodatícias possam fortalecer ainda mais o viés altista do ouro.
Por outro lado, um avanço nas negociações comerciais entre EUA e China ou um progresso significativo nas tratativas entre Rússia e Ucrânia podem reduzir o apelo do ativo como refúgio, favorecendo a migração para ações, especialmente após a recuperação observada nos índices de Wall Street na sexta-feira.
O que está gerando essa alta do ouro?
O ouro tem sido beneficiado por múltiplos fatores ao longo dos anos, desde a crise da covid-19 até os conflitos na Ucrânia, a inflação global elevada e, mais recentemente, o risco de uma guerra comercial ampliada pela postura protecionista de Trump.
A instabilidade econômica e as incertezas políticas têm levado investidores a buscar segurança no metal, especialmente diante da deterioração da confiança nos rumos da maior economia do mundo.
O impacto negativo das tarifas norte-americanas sobre os mercados globais, combinado com represálias comerciais de países parceiros, tem aumentado a volatilidade e sustentado a valorização do ouro.
Dólar fraco favorece o metal
Além da aversão ao risco, a desvalorização do dólar tem sido um fator de suporte para os preços do ouro. A moeda norte-americana tem perdido força com a divulgação de dados econômicos mais fracos do que o esperado.
Nesta segunda-feira, investidores acompanham os números de vendas no varejo dos EUA referentes a fevereiro, com projeção de alta de 0,6% no índice cheio e 0,3% no núcleo.
Na última semana, um IPC e um IPP mais amenos pressionaram o dólar, tendência reforçada pelos dados decepcionantes da pesquisa de confiança do consumidor da Universidade de Michigan, que caiu para 57,9 em março, abaixo das expectativas de 63,1. Esse foi o terceiro mês consecutivo de queda no indicador, refletindo o pessimismo crescente quanto aos impactos da política comercial de Trump e ao avanço das expectativas de inflação, que subiram de 4,3% para 4,9%.
Decisões de política monetária podem influenciar o ouro
As atenções agora se voltam para os desdobramentos das reuniões de política monetária desta semana.
No Japão, o Banco Central é observado de perto, com o mercado avaliando quando poderá ocorrer uma elevação dos juros diante do crescimento dos salários e da inflação persistente.
A reunião de 19 de março pode trazer pistas sobre os próximos passos, e há uma divisão entre economistas sobre a possibilidade de um aperto já em maio.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve manter os juros inalterados, mas qualquer indicação de cortes antecipados pode enfraquecer ainda mais o dólar, reforçando a valorização do ouro. Investidores analisarão cada detalhe do comunicado da instituição, bem como as declarações do presidente Jerome Powell.
Já no Reino Unido, o Banco da Inglaterra deve manter os juros em 4,5% na reunião de 20 de março, mas o mercado precifica uma probabilidade crescente de cortes até agosto, o que pode adicionar volatilidade ao mercado de metais preciosos.
Análise técnica do ouro
A tendência do ouro permanece positiva enquanto a estrutura de topos e fundos ascendentes se mantiver. O suporte principal está entre US$ 2.929 e US$ 2.956, região que antes atuava como resistência.
A linha de tendência de alta traçada desde janeiro também é um nível técnico relevante.
Caso o ouro perca essa referência, especialmente abaixo de US$ 2.880, o viés pode se tornar mais neutro ou até corretivo.
No curto prazo, os US$ 3.000 representam uma barreira psicológica importante.
Apesar do otimismo com novas altas, é possível que a cotação enfrente resistência nesse nível, especialmente com indicadores de momentum, como o IFR, apontando para condições de sobrecompra.
Entretanto, se o ouro superar de forma decisiva essa marca, os próximos alvos baseados em projeções de Fibonacci estão em US$ 3.032 e US$ 3.043, níveis correspondentes a extensões de 161,8% e 200% dos últimos movimentos de correção.