Começando pela decisão do Federal Reserve, conforme esperado, o banco central americano aumentou em 0,25 ponto percentual as taxas das Fed Funds, que alcançaram o intervalo de 4,75 - 5,00%. Tanto no comunicado como na coletiva de imprensa feita por Jerome Powell, há abertura para mais uma alta de mesma magnitude na próxima reunião, que acontece na primeira semana de maio.
Contudo, a partir dos dados do monitor da taxa de juros, houve uma redução na probabilidade de mais uma alta na comparação à semana anterior, passando de 56,8% para 40,7%, refletindo o sentimento majoritário de manutenção dos juros nos EUA neste segundo trimestre.
O que poderá mudar esse cenário serão três fatores: os núcleos de inflação ainda pressionados, especialmente pelo consumo de bens e serviços, explicado pelo segundo fator que mostra um mercado de trabalho ainda resiliente à escalada de juros e por último, o cenário bancário provar que a quebra do Silicon Valley foi um fato isolado.
Pelas projeções apresentadas na coletiva do FOMC, apesar da decisão de ontem em seguir com o aumento dos juros, até pode-se dizer que suas projeções para o fim de 2023 são otimistas, com a inflação ao consumidor fechando em 3,3%, a taxa de desemprego em 4,5% e a atividade ainda em crescimento, quase mísero, da economia americana.
Ou seja, me parece que o recado do Fed é que tudo está sob controle, irão aumentar os juros se for necessário, não há riscos de recessão para este ano, o processo de desinflação tende a continuar o emprego será preservado.
Olhando para os dados antecedentes do primeiro trimestre da economia americana, tanto o PMI de serviços quanto o ISM correspondente às novas ordens da indústria, ambos mostram um sinal positivo para os próximos meses, refletindo a postura coerente do Fed quanto ao ciclo de juros.
Partindo para a análise da decisão do Banco Central brasileiro, a decisão não foi só pela manutenção da Selic, que já era esperada, mas pelo tom duro em seguir com a política contracionista ao longo das próximas reuniões.
O Copom levantou as preocupações com o cenário internacional no tocante aos episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa assim como o cenário de desaceleração da economia. Entretanto, pesou a deterioração das expectativas de inflação ao consumidor, hoje em 6,0% e 4,1% para 2023 e 2024 respectivamente.
O tom do BC foi duro e, partindo de uma ma das frases que me chamou a atenção "o Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional" o preço para a convergência da inflação para a meta me parece ser pela deterioração da atividade econômica ao longo deste ano.
O que esperar dos investimentos
Pelos dados recentes, os investimentos na bolsa americana parecem continuar reagindo ao fôlego da atividade econômica e, enquanto não houver sinais claros de desaceleração, esses ativos de risco tendem a responder positivamente, especialmente com os sinais de fim do ciclo dos juros.
Por aqui, apesar do tom duro do BC brasileiro, o que poderia ter impactos na apreciação da divisa cambial, a expectativa segue de um dólar mais forte neste curto espaço de tempo considerando a política monetária de ambos países.
Por fim, no cenário doméstico os ativos de risco continuarão competindo com a rentabilidade dos ativos de baixo risco, como os de renda fixa. Para os investidores de curto prazo, pode ser um cenário desafiador investir em bolsa, entretanto, sabemos que existem bons investimentos neste momento para o investidor com objetivos de médio e longo prazos.