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O que é um índice de ações e entenda o principal deles: o Ibovespa

Publicado 04.07.2024, 09:20
IBOV
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BBAS3
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BBDC3
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BRAP4
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B3SA3
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ELET3
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ITSA4
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ITUB4
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PETR3
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PETR4
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VALE3
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BPAC11
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SAPR11
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Olá, pessoal. Hoje quero apresentar a vocês os índices de ações (e units) disponíveis no mercado brasileiro pela B3 (BVMF:B3SA3). A ideia é explicar tudo aquilo que é relevante para você saber, inclusive entender perfeitamente o que significa dizer que o Ibovespa está no patamar dos 125 mil pontos ou que analistas acreditam que romperá os 130 mil pontos até o final do ano, por exemplo. É claro que os conceitos explicados aqui servirão igualmente para qualquer índice de mercado, tais como índices de renda fixa, imobiliários etc. Mas, o foco deste artigo é realmente os índices da bolsa brasileira de ações.

A B3 oferece um total de quatro índices amplos, ou seja, representativos de todo o mercado acionário brasileiro. Antes de me aprofundar nesses quatro índices, ressalto que há atualmente um total de 31 índices de ações na B3, divididos por classes que listo abaixo.

Reitero que no quadro acima listei apenas os índices de ações. A B3 disponibiliza outros índices, como por exemplo, de futuros, de commodities específicas, de fundos imobiliários e, claro, de renda fixa. A lista completa de índices disponíveis pode ser facilmente encontrada no site da B3: vale a pena checar e analisar!

Os quatro índices amplos são assim denominados porque consideram todos os papéis representativos de ações ordinárias e preferenciais, além de units de ações de companhias listadas na B3. Note que BDRs (Brazilian Depositary Receipts) não entram na composição desses índices, muito menos fundos imobiliários. As ações ordinárias de companhias abertas são aquelas que dão direito a voto e a voz ativa nas assembleias. As ações preferenciais são aquelas que não dão direito a voto (com algumas regras de exceção), mas que têm preferência a receber dividendos, ou seja, têm prioridade em relação às ações ordinárias. As units representam pacotes compostos por mais de uma classe de valores mobiliários, tal como por exemplo uma ação ordinária e uma preferencial empacotadas e que não podem ser negociadas separadamente.

Ações ordinárias normalmente terminam com o dígito 3, tal como PETR3 (BVMF:PETR3) (Petrobrás) e ELET3 (BVMF:ELET3) (Eletrobrás). Ações preferenciais podem terminar em outros dígitos, como PETR4 (BVMF:PETR4) e ELET6 (BVMF:ELET6). Units terminam em 11, como por exemplo BPAC11 (BVMF:BPAC11) (Banco Pactual) e SAPR11 (Sanepar (BVMF:SAPR11)). Mas atenção que nem tudo que termina em 11 representa uma unit: fundos imobiliários, por exemplo, também terminam em 11.

O critério para saber se determinado papel entrará ou não em cada um dos quatro índices amplos da B3 é sempre baseado em sua liquidez, que é medida pelo índice de negociabilidade do papel, calculado pela B3. Os índices IBrX 50 e IBrX 100 capturam, respectivamente, os 50 e 100 papéis com maiores índices de negociabilidade. Já no caso do Ibovespa e do IBrA, estes possuem um número variável de constituintes, incluindo os papéis da bolsa que respondem por, respectivamente, 85% e 99% da liquidez no mercado. Há algumas condições secundárias que os papéis precisam respeitar, sendo a mais importante delas não ser uma “penny stock”, isto é, não ser negociada a preços inferiores a R$ 1,00. Na data em que este artigo é publicado, o Ibovespa contempla um total de 86 papéis, daí a sua alta correlação atual com o IBrX 100, por este último contemplar os mesmos 86 papéis, além de apenas 14 adicionais que completam a centena de papéis deste índice.

Todos os quatro índices amplos são rebalanceados (ou seja, têm seus constituintes revisados) nas primeiras segundas-feiras de janeiro, maio e setembro, momentos em que cada papel selecionado entra em proporção ao seu valor de mercado em circulação (free float). Em que pese a B3 ter limites para o peso máximo de um papel em cada índice, na prática, essa limitação tem pouco efeito e os índices com menor número de constituintes (IBrX 50 e Ibovespa) acabam por ser mais concentrados em empresas de commodities (notadamente, Petrobrás e Vale) e do setor bancário (conglomerados do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Itaú e Bradesco (BVMF:BBDC4), principalmente).

Cada índice pode ser, portanto, interpretado como uma carteira de ações e units, com revisão de seus ativos somente a cada quatro meses e proventos sendo totalmente reinvestidos no próprio índice. Todos os eventos extraordinários, tais como grupamentos, splits (desdobramentos) e cisões são devidamente considerados nessa carteira teórica. Atualmente, o Ibovespa, apesar dos seus 86 constituintes, é bastante concentrado em Vale (VALE3 (BVMF:VALE3)), Petrobrás (PETR3 e PETR4), Itaú (ITSA4 (BVMF:ITSA4) e ITUB4 (BVMF:ITUB4)), Bradesco (BBDC3 (BVMF:BBDC3), BBDC4 e BRAP4 (BVMF:BRAP4)) e Banco do Brasil (BBAS3), com esses papéis respondendo por aproximadamente 46% do índice.

Quando lemos no investing.com que o índice Ibovespa subiu 2%, isso significa dizer que esta carteira hipotética aumentou seu valor de mercado em 2% naquele dia. Por conveniência, os índices são mensurados em pontos. Por exemplo, podemos criar um índice e colocá-lo em seu lançamento cotado a 10 mil pontos. Se a carteira que o representa valorizar 1% em seu primeiro dia de pregão, isso significa que o índice atingiu 10.100 pontos, ou seja, ganhou 100 pontos (1% de 10 mil). O fato de o Ibovespa hoje oscilar próximo a 125 mil pontos (no exato momento em que eu escrevo este artigo) só tem interesse se comparado com sua pontuação histórica. O importante é realmente saber se o Ibovespa subiu 2% ou caiu 3%: estes percentuais representam os eventuais retornos da carteira teórica do Ibovespa e, em última instância, é isso que interessa para o investidor.

Perceba que os quatro índices amplos da B3 são, em verdade, carteiras representativas médias do mercado amplo de ações, dentro de seus critérios de liquidez. Note que os índices não pretendem ser carteiras eficientes para investidores, mas espécies de carteiras indicativas de como o mercado tem evoluído. Uma carteira é eficiente se atende aos objetivos do investidor da melhor forma possível e, para isso, existem técnicas econométricas não apenas para escolher os papéis que entrarão na carteira, mas também para combiná-los na proporção ideal e assim potencializar a rentabilidade e ter o risco dentro de parâmetros aceitáveis pelo investidor. Sem nenhuma surpresa, há inclusive diversas pesquisas acadêmicas que apontam o Ibovespa como uma carteira ineficiente e, portanto, não indicada idealmente para se investir.

Nesse contexto, lembro que os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos que procuram seguir um determinado índice. No caso do Ibovespa, há nada mais, nada menos que oito ETFs que o seguem. Em minha singela opinião, há espaço para evolução. Para isso, um índice amplo que nascesse de alguma metodologia para construção de uma carteira de ações buscando performance superior à do Ibovespa precisaria ser desenvolvido. O mercado está evoluindo bastante e, portanto, acredito que há uma estrada inteira para o desenvolvimento de ETFs mais elaborados e que entreguem carteiras mais sofisticadas para o investidor. Afinal de contas, já há um farto conhecimento em gestão de carteiras que vai muito além da escolha de papéis por liquidez e ponderação pelo valor de mercado em circulação da empresa.

Espero que tenham gostado. Sintam-se livres para comentar abaixo, leio tudo e sempre procuro responder a todos. Quem quiser se conectar comigo no instagram e no linkedln, basta me seguir nessas redes @carlosheitorcampani.

Forte e respeitoso abraço a cada um de vocês.

 

* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Consultoria e da Four Capital. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.

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