A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,70% no ano e avanço de 6,47% nos últimos 12 meses – após a divulgação do índice de Outubro de 2022. O IPCA serve para medir a perda do poder de compra dos brasileiros e auxiliar a tomada de decisão de políticas públicas e investimentos. No entanto, a inflação pessoal pode ser diferente da oficial.
Neste artigo você entende como é calculada a inflação geral e a importância de conhecer a sua inflação pessoal e o possível impacto dela em seus investimentos.
Como é calculada a inflação?
A oscilação dos preços é uma métrica importante para medir o comportamento da inflação, no Brasil são realizadas periodicamente pesquisas de preços, com uso do IPCA e do INPC, por meio do instituto brasileiro de geografia e estatística - IBGE.
O IPCA, como índice nacional de preços ao consumidor amplo é calculado pelo IBGE desde o ano de 1980, mede a média da variação de preços de produtos que compões a cesta básica e de serviços, ele se refere as famílias com renda mensal de 01 a 40 salários mínimos, independente da fonte.
O índice nacional de preços ao consumidor - INPC é calculado desde 1979, e se refere a famílias com renda de 01 a 05 salários mínimos.
Considerado a inflação oficial do Brasil, o IPCA é também utilizado para ações da política econômica, como aumentos da taxa Selic, isso afeta diretamente o poder de compra do consumir, afetando gastos no orçamento, tendência pra investimentos, e o rendimento dos investimentos de renda fixa.
Por que a inflação tem um elemento pessoal?
A inflação pessoal pode mudar muito, de acordo com a cidade, a faixa de renda e, principalmente, o perfil de consumo de produtos e serviços. O IPCA calcula apenas uma média da variação de preços em 16 capitais brasileiras.
Em Outubro, por exemplo, ele avançou 0,87% em Brasília (DF) e apenas 0,20% em Curitiba (PR). Além disso, o índice utiliza uma cesta que envolve itens como alimentos e bebidas, vestuário, passagem de ônibus e gasolina.
Os hábitos do consumidor variam de acordo com o seu estilo de vida, perfil de compras e investimentos, por exemplo um jovem solteiro tem um perfil diferente de consumo de uma família. As tendências de consumo e o impacto da inflação em seu orçamento pessoal podem variar até mesmo em perfis similares.
A tabela 1 ilustra como pode haver uma variação da inflação por faixa de renda, levando em consideração justamente os hábitos de consumo. No mês de Setembro por exemplo, a faixa de renda alta teve um aumento de inflação ao invés de deflação como nas outras faixas, muito devido aos reajustes de passagens aéreas e transporte por aplicativo, já que o peso desses itens na cesta de consumo é maior que nas demais faixas.
Outro fator importante são os pesos mensais que cada categoria possui para o conjunto da inflação geral, conforme o gráfico a seguir:
Logo, fica fácil entendermos por exemplo que se você utiliza bastante alguns transportes como carro particular ou por aplicativo, o IPCA divulgado pode ter uma certa semelhança com sua inflação pessoal (nesse item) devido ao peso que o mesmo dá para essa categoria. Essa analogia pode ser feita referente a qualquer item, podendo constatar então que o nível de inflação mensal divulgado pelo IPCA pode ser semelhante ou totalmente diferente do seu nível de inflação mensal e isso pode impactar muito a sua estratégia de investimentos como veremos a seguir.
Antes de falar sobre como isso impacta seus investimentos você sabe como ter controle dos gastos mensais?
Antes de tudo, para o cálculo da inflação pessoal é importante ter um controle financeiro de gastos, pois para entender e identificar o aumento de preços no orçamento só é possível caso tenha um registro dos valores gastos em cada mês a fim de compará-los posteriormente.
Esse registro pode ser realizado por grandes setores, como alimentação e bebidas, habitação, vestuário, transporte, saúde, educação e comunicação, anotando cada valor de serviço ou produto. A ideia é que esse lançamento seja realizado mensalmente e dessa forma possa acompanhar o avanço de preços entre os períodos. Tendo isso sob controle fica mais fácil poder realizar algum ajuste em relação aos gastos que estão acima da média, substituindo algum produto ou serviço para que obtenha um orçamento mais tranquilo sem comprometer a qualidade de vida.
O método é parecido com o aplicado pelo IBGE no cálculo do IPCA: o consumidor deve anotar todas as suas despesas por pelo menos dois meses, a fim de visualizar quanto e em quais itens está gastando mais.
Para isso, você pode utilizar os mesmos critérios/itens do IPCA, mas caso queira uma análise ainda mais detalhada você pode separar por grandes setores como: Moradia, comunicação, família, alimentação, transporte, saúde/higiene, educação, lazer, presentes e banco.
Fazendo esse controle por pelo menos dois meses você conseguirá ter a variação média de preços no geral e separado por setor daquilo que é mais consumido por você e dessa forma entender a sua própria inflação.
Qual o impacto da inflação nos investimentos?
Além de reduzir o poder de compra das pessoas, o índice inflacionário tem um impacto relevante nos investimentos, pois pode consumir os rendimentos reais de uma aplicação.
A poupança, que apesar de ter diminuído muito a sua aplicação continua sendo bastante utilizada pelos brasileiros, teve rentabilidade de 3,58% no primeiro semestre com IPCA acumulado de 5,38% no mesmo período. Na prática, isso quer dizer que quem deixou o dinheiro na caderneta teve retorno real negativo de quase 2,00%.
Em renda fixa você pode fazer um investimento livre de imposto de renda como LCI ou LCA com rendimento de 100% do CDI, que seria aproximadamente 13,65% ao ano, visto que a taxa Selic está em 13,75%, com inflação geral projetada para algo próximo de 5,71% no ano.
Você acreditará que possa ter um ganho real de quase 8%, porém se sua inflação pessoal for de 11%, esse ganho diminui para quase 3%. Isso é extremamente importante para que você seja mais assertivo na realização de projetos e planos a curto, médio e longo prazo, no qual terá como aliado os investimentos.
Além de que se há um aumento dos valores pagos por produtos e serviços, consequentemente sobra menos dinheiro, diminuindo a capacidade de investir, caso a renda não se altere.
Reduzindo o investimento, há uma perda de compra maior, gerando uma contração do poder econômico pessoal.
Assim, o controle da inflação pessoal é um grande aliado para facilitar a conservação de um padrão de vida. Além disso, também ajuda na formação de patrimônio com utilização de estratégias de investimentos sem a necessidade de esforço extra para geração de mais receitas.