Nada!
Depois de todas as análises que lemos recentemente, tanto sobre a primeira proposta apresentada no final de junho, como no texto ajustado da última semana, ler que não haverá mudanças nos investimentos pode parecer loucura.
Aqui não estou menosprezando os aumentos ou eventuais reduções que poderão ocorrer. A questão é outra e explico a seguir.
Toda e qualquer alteração tributária afeta a nossa vida. Aumentos diminuirão a nossa renda potencial futura e diminuições poderiam nos tornar mais ricos à frente. Considerando o histórico brasileiro, por mais que a nossa torcida seja sempre por menos impostos, o passar do tempo nos mostrou que, na dúvida, o imposto sobe. Espero estar errado, mas, infelizmente, esse parece ser o cenário novamente.
É sabido e acredito que seja ponto comum que o Estado brasileiro é grande e ineficiente. Como exemplo recente, temos o fundo eleitoral passando de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões. Pode-se discutir se financiamento público ou privado é melhor, mas a necessidade de triplicar o valor dessas despesas soa como deboche.
Esse é um exemplo recente, mas poderíamos discutir sobre diversos outros. Estado grande é igual a imposto maior. Simples assim.
Nesse sentido, alguém acredita que a taxação de dividendos irá reduzir? Esse foi um ponto trazido na proposta inicial e mantido no ajuste apresentado. Tributar dividendos não é errado. No entanto, esse imposto deveria ser compensado com outros ajustes na tributação da produção, a fim de trazer uma taxação final menor ou, na pior das hipóteses, igual. O que possivelmente irá acontecer? Deixo a resposta com cada um que está lendo.
Um ponto que foi alterado entre uma proposta e outra é a tributação dos dividendos dos fundos imobiliários. No primeiro texto foi colocada a ideia de tributar em 15% os rendimentos desses produtos. A proposta mais recente retirou esse aumento. Ponto para os FIIs.
Apesar de nos dois últimos parágrafos eu mostrar dois aspectos que realmente podem afetar os nossos investimentos, e isso contradizer a minha afirmação inicial, agora vou para a minha defesa.
Para defender o meu ponto, trago aqui alguns questionamentos para reflexão.
Se o imposto subir, você irá deixar de investir?
Se a tributação mudar, você deixará de ter uma carteira de longo prazo diversificada?
A alta dos impostos vai estimular você a investir no exterior? Você nunca tinha ouvido falar da necessidade de ter uma diversificação internacional?
A resposta para a primeira me parece bastante óbvia. Independentemente da estratégia adotada e do foco, entendo que o objetivo de todo mundo ao investir seja buscar um padrão de vida melhor.
Se buscamos uma vida melhor, e ainda não é lícito imprimir dinheiro, o único caminho é investindo. E por investimento eu entendo pelo lado do aprimoramento pessoal, produtos financeiros e/ou empreendendo. Um aumento de impostos faria você mudar esse foco? Eu acredito e espero que não.
Com relação à segunda pergunta eu assumo que todos saibam ou ao menos já ouviram falar sobre a importância de termos uma carteira de investimentos diversificada. Nada impede que alguém aposte em algum ativo ou classe de ativos específica para todos os seus recursos, mas aí estamos falando de aposta e não investimento.
Independentemente do volume de investimentos, é fundamental termos renda fixa, fundos imobiliários, renda variável, investimentos no exterior, entre outras coisas. Enfatizo a importância dessa estratégia pela nossa incapacidade de prever o futuro e pelo tanto de eventos aleatórios aos quais estamos expostos diariamente. Dessa forma, se o imposto mudar sobre determinada classe de ativos, isso fará com que você o elimine totalmente da sua carteira de investimentos? Torço para que a resposta seja não.
Por fim, até hoje, alguém ainda não ouviu falar sobre a importância de investir no exterior? Ou também, você acredita que o Brasil é extremamente confiável e pode ser considerada a opção mais segura do mundo?
Pois é, em qual momento uma eventual reforma tributária tornou esse movimento mais importante do que antes? Uma carteira de investimentos diversificada pode diminuir o risco do seu patrimônio e ainda trazer uma rentabilidade de longo prazo melhor. E quando falamos em diversificação, isso não se refere somente a classes de ativos, mas também à geografia. Felizmente, para termos uma diversificação geográfica hoje em dia não precisamos enviar recursos para o exterior, podemos investir em ETFs ou BDRs de empresas estrangeiras através da nossa bolsa. Adicionalmente, investir através da bolsa americana, por exemplo, está muito mais fácil e há ótimas alternativas para investidores brasileiros.
Enfim, voltando à primeira pergunta de todas, se temos uma estratégia de investimentos de longo prazo bem estruturada, se temos objetivos para o futuro, não vai ser essa reforma ou outras que ainda virão que deverão alterar isso. Além de investir dinheiro, investir tempo entendendo os seus investimentos, estruturando a sua estratégia, buscando informações de qualidade, são táticas excelentes para não ficarmos à mercê de coisas que estão totalmente fora do nosso controle.
Um abraço