A notícia mais importante nos mercados petrolíferos nesta semana foi a proibição parcial imposta pela União Europeia às exportações do produto provenientes da Rússia.
Os preços do petróleo subiram após o anúncio, porém o mais relevante no longo prazo para os investidores e o mercado como um tudo serão os termos concretos desse acordo.
Abaixo estão alguns detalhes importantes do que alguns analistas chamam de acordo de proibição em fases da UE:
- Os países do bloco interromperão as importações petrolíferas da Rússia pela via marítima nos próximos seis meses.
- As importações de produtos petrolíferos refinados da Rússia pela via marítima serão interrompidas no prazo de oito meses.
- O petróleo transportado pelo oleoduto de Druzhba para os estados membros da UE continuará fluindo para Hungria, República Tcheca e Eslováquia. A Alemanha e a Polônia dizem que irão parar de comprar o petróleo russo pelo oleoduto até o fim de 2022.
- Está sendo considerada uma proibição à concessão de seguros aos navios-tanque da Rússia, o que pode afetar as exportações petrolíferas do país para fora da UE.
De acordo com alguns especialistas, o acordo em torno das sanções pode provocar uma redução imediata de 75% das exportações petrolíferas da Rússia para a Europa, chegando a um corte de 90% até o fim do ano.
Para se ter uma ideia do volume de petróleo impactado, em 2021, a UE importou cerca de 2,2 milhões de barris por dia da Rússia. Isso equivale a um quarto do consumo petrolífero do bloco.
Com base nos dados do site TankerTrackers.com, os russos já conseguiram estabelecer novas rotas para a Ásia, especialmente para a China e a Índia, a fim de escoar o petróleo que seria anteriormente destinado à Europa.
A Federação Russa provavelmente venderá esse óleo com desconto para refinarias daquela região, mas, em razão dos preços elevados do mercado, é bem possível que o país ganhe um bom dinheiro com essas vendas.
É pouco provável que 1,65 milhão de barris de petróleo russo simplesmente desapareça do mercado. Se não for exportado para a Europa, provavelmente encontrará compradores na Ásia.
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Escassez no horizonte?
Os investidores devem ficar atentos à estratégia europeia de substituição desses barris russos nos termos da proibição parcial. Será que o bloco conseguirá encontrar outras fontes ou enfrentará escassez do produto energético, se as refinarias não conseguirem encontrar uma oferta aos preços que podem pagar?
A Opep+ se reunirá nesta quinta-feira, 2 de junho. O cartel deve seguir seu plano de aumento reduzido das cotas de produção. De acordo com um artigo (em inglês) publicado no Wall Street Journal, a Opep+ está considerando isentar a Rússia de cumprir o acordo por completo.
Isso faria com que o país assumisse a mesma posição da Venezuela, Irã e Líbia no grupo. Não está claro se a Rússia está interessada em receber tal isenção, mas tudo leva a crer que a opção está, de fato, sobre a mesa, no intuito de manter o país envolvido com a organização, independente do que vier a acontecer com a sua produção em razão das sanções.
Ao que parece, outros membros da Opep+ estão preocupados em conceder à Rússia essa margem de manobra. (A produção petrolífera do país está aumentando no momento, embora não tenha superado, até agora, a cota estabelecida pela Opep+).
Se as sanções contra a Rússia surtirem efeito, podem retirar do mercado o petróleo do país. Isso reduziria a oferta mundial e aumentaria os preços do produto.
O mercado respondeu a esse cenário várias vezes este ano, o que explica, em parte, por que os preços do petróleo atingiram três dígitos. Contudo, a verdade é que as sanções ao petróleo russo forçam o país a vender o produto a outros países, em especial China e Índia, com algum desconto, gerando maior competição de preços.
Ao final, os mercados respondem a rumores, e tudo indica que os preços continuarão elevados até que esses rumores apontem para cenários de alta na cotação do barril.