O dia 19 de outubro ficará marcado como uma data histórica para o mercado de criptomoedas, isso porque entrou em operação o primeiro ETF (Exchange Traded Fund) de Bitcoin dos Estados Unidos. A conquista é bastante comemorada por toda a comunidade de criptoativos, pois representa mais um sinal do amadurecimento e institucionalização do mercado.
Esse novo instrumento de investimento, que está disponível para os investidores americanos, representa não apenas uma grande destrava de valor para o Bitcoin, como deixa clara a demanda reprimida do ativo nos EUA, já que no primeiro dia o ETF da Pro Share movimentou cerca de US$ 1 bilhão, tornando-se o segundo maior lançamento de ETF da história dos país, atrás apenas do BlackRock (NYSE:BLK) U.S. Carbon Transition Readiness ETF (US$ 1.25 bilhão). Com esses números fica evidente, também, o potencial dos produtos com estrutura regulada e acessível para investidores institucionais, o que reforça a tese de que a regulação para o mercado de criptomoedas pode ser uma das maiores destravas de valor.
A importância do ETF
Para compreender a importância desse instrumento financeiro para o mercado de criptomoedas, primeiro é fundamental entender o que ele realmente é. ETF é a sigla para Exchange Traded Fund ou fundo de índice. Trata-se de um formato de fundo de investimento em que suas cotas são negociadas em pregões, de forma similar a ações.
Esse tipo de produto normalmente é muito utilizado por investidores institucionais quando estes desejam se expor a um determinado ativo possuindo uma grande liquidez e facilidade para alterar suas posições. No caso do mercado de criptomoedas, esse tipo de fundo é muito relevante, pois constrói segurança jurídica para o investidor, além de gerar mais conforto em aspectos de liquidez e acessibilidade.
Desde 2013, o mercado de criptomoedas buscava aprovar o seu primeiro ETF nos Estados Unidos, no entanto, por se tratar de um mercado muito recente e com baixo volume, houve muitos entraves para a permissão. Já em 2017, a comissão de valores mobiliários norte-americana (SEC) afirmou que não seria viável a aprovação de um ETF enquanto não existisse um volume estável no mercado de criptomoedas, medidas contra a manipulação de preços do ativo e um formato de custódias reguladas e terceirizadas.
A aprovação de um ETF para o Bitcoin representa um sinal de que, na visão do principal órgão regulador do mundo, esse mercado está amadurecendo. Entretanto, o aspecto mais importante desse ETF é a destrava de capital que ele representa para o mercado de criptomoedas.
De acordo com estudo realizado pela Fidelity Digital Asset em julho deste ano, apenas 33% dos investidores institucionais dos EUA investem em criptomoedas, sendo que a falta de infraestrutura para acessar o mercado e a incerteza regulatória figuram entre os principais fatores que afastam essa classe de investidores.
O ETF representa a possibilidade de entrada de um grande volume do mercado tradicional, que antes não via um meio de acesso para este setor, como ocorreu em países que já aprovaram instrumentos desse tipo, a exemplo do Canadá e Brasil. Além da possibilidade de entrada de um grande fluxo de capital, o ETF de Bitcoin pode elevar, ainda mais, o preço do criptoativo. Outro fator a ser considerado por parte da SEC é a aptidão desse regulador para criar normas e infraestrutura para o mercado de ativos digitais.
Até pouco tempo atrás, as chances de aprovação de um ETF de criptoativos nos Estados Unidos eram bastante remotas. A meu ver, essa movimentação pode ser mais um sinal de que a SEC será mais atuante no mercado de ativos digitais e pautas como a regulação das aplicações desse mercado assim como as das exchanges devem se tornar ainda mais frequentes no final deste ano e no início do próximo. O fato é que o mercado de criptoativos deu mais um passo rumo a se tornar mainstream .