Por que os bancos estão tão baratos?
É a pergunta que mais recebo conversando com assinantes da Nord.
BBAS3 (branco), ITSA4 (azul), Ibovespa (laranja), BBDC4 (roxo) e SANB11 (amarelo). Fonte: Bloomberg.
E, claro, como sempre, minha resposta padrão é: "eu não sei."
Afinal, ninguém nunca sabe – principalmente os que fingem que sabem.
Mas o mercado é como um moçoilo ingênuo, um garoto ingênuo – o mercado adora uma bela história.
Temos uma ótima história para contar aqui...
Era uma vez um unicórnio...
Ele se chamava "Fintech".
A Fintech ameaçava o reino mágico dos bancos com sua tecnologia disruptiva e seus custos baixos.
As fintechs malvadas prometiam acabar com os pobres bancos inofensivos.
Pois as fintechs não estavam sozinhas, dispunham de capital infinito após os nefastos banqueiros centrais derrubarem as taxas de juros para zero.
Os bancos estariam perdidos.
Imunização completa
Histórias são bonitas e meu filho adora.
Mas eu sou engenheiro. Após a angústia, o martírio, o suplício que passei na faculdade para aprender "Elementos de Máquinas", a fantasia simplesmente morreu pra mim.
Eles fazem um ótimo trabalho nas engenharias removendo qualquer encantamento e a ilusão dos jovens.
Não recomendo.
Vamos, então, colocar o preto no branco. Vamos avaliar 2 cenários.
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Cenário catástrofe: fintechs tomam metade do mercado
Imagine que os lucros dos bancos caiam -50 por cento e todo esse dinheiro vá para o bolso das malvadas Fintechs.
Com isso, os múltiplos de preço/lucro (P/L) dos bancos dobram: o preço fica o mesmo e os lucros caem pela metade.
Entendeu?
Mesmo nesse cenário, os bancos negociariam a um P/L bem próximo ao da média do Ibovespa:
Expectativa de lucros para os próximos 12 meses para BBAS3 (verde), IBOV (rosa), ITSA (branco), BBDC (azul) e SANB11 (roxo). Fonte: Bloomberg.
Usamos o P/L estimado para os próximos 12 meses pois os lucros das empresas do Ibovespa despencaram ou se transformaram em prejuízo (o múltiplo perde a materialidade).
Que fique claro, os lucros dos bancos não. Os bancos, mesmo com lucros caindo entre -25 por cento e -50 por cento na crise, mantiveram sua lucratividade elevada.
Afinal, os bancos sempre foram mais resilientes e mais lucrativos que a média das empresas do Ibovespa.
Rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) para BBAS3 (branco), IBOV (verde), ITSA (marrom), BBDC (azul) e SANB11 (azul escuro). Fonte: Bloomberg.
É isso. Os bancos foram melhores que a média do mercado na crise e o mercado já precificou que as fintechs tomarão metade de seus lucros.
O pior cenário já está nos preços – mesmo que ele não seja o mais provável.
Faz sentido?
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Cenário base: bancos mantêm lucros
Porém, não é o que o mercado espera dos resultados dos bancos nos próximos anos:
Expectativa de resultados para Banco do Brasil (SA:BBAS3). Fonte: Bloomberg.
Vemos acima a expectativa de lucros para Banco do Brasil (BBAS3) nos próximos anos.
Marquei o lucro líquido e o índice de P/L. Entretanto, facilitando a vida de vocês, o que interessa é o que está abaixo:
O próprio mercado espera crescimento saudável dos lucros do Banco do Brasil nos próximos anos.
Você pode me dizer: "Mas o mercado SEMPRE espera crescimento de todas as empresas no futuro."
Então me diga: se a média do mercado é pior e mais cara, por que BBAS negocia a míseros 5x lucros?
Qual é a probabilidade de perder?
Se tudo der errado e as fintechs roubarem o lanche dos bancos, os bancos estão baratos.
Se nada der errado e os bancos continuarem crescendo de maneira saudável, os bancos estão SUPER baratos.
Cara você ganha. Coroa, você não perde.
E é isso que chamamos de Value Investing.
Isso é colocar as probabilidades a seu favor. É isso que Warren Buffett quer dizer quando recomenda preocupação maior com o quanto podemos perder do que com quanto podemos ganhar.
E é exatamente isso que nos permite bater ano a ano no mercado no Investidor de Valor.
Permita que todas as maiores forças do universo trabalhem a seu favor. Simples e lucrativo.
Belisque-se e compre BBAS a 5x lucros
Os bancos estão baratos, mas Banco do Brasil (BBAS3) está uma pechincha.
O maior banco estatal brasileiro (torcemos para que seja privatizado, mesmo que demore) elevou, de modo conservador, suas provisões para inadimplência (2 bilhões de reais no 1T20 e no 2T20) na crise e seus lucros caíram na pandemia.
Fonte: Banco do Brasil
Apesar de inadimplência ainda caindo, o banco se preparou para o pior.
Além disso, seu índice de cobertura está bastante elevado (2,8 reais para cada 1 real vencido a mais de 90 dias).
Sua carteira de crédito é bastante defensiva, focada no agronegócio e no consignado e cresceu +5 por cento.
Carteira de crédito. Fonte: Banco do Brasil
Com a queda do CDI, o banco capta dinheiro mais barato e elevou em +8 por cento no 2T20 seu ganho com empréstimos (margem financeira).
As receitas com serviços caíram -6 por cento, impactadas pelo mercado financeiro mais fraco em meio à pandemia – ainda sem sinal da competição das fintechs (é nos serviços que elas ameaçam mais).
As despesas operacionais (gente) subiram +2,6 por cento (junto com a inflação), mas o banco já anunciou um programa para economizar 3,3 bilhões em 5 anos.
E, é na redução dos custos que o bancos brigarão com as fintechs – com custos menores, o BB pode reduzir tarifas e segurar seus clientes.
Afinal, quem mudaria para um banco digital sem agências se as tarifas fossem as mesmas?
Desde o governo Temer, a gestão do BB vem fazendo um belo trabalho, e os resultados são latentes:
Lucro líquido. Fonte: Bloomberg.
A briga com as fintechs será sangrenta. Mas as probabilidades (preço) estão a nosso favor.
O mercado já precificou o pior. Para nós, ficaram apenas as vantagens de investir no banco mais barato do Brasil.
Compre BBAS3.