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O PIB do Brasil Está Forte

Publicado 03.06.2022, 16:20
Atualizado 09.07.2023, 07:32
O PIB surpreendeu positivamente no primeiro trimestre de 2022 frente às expectativas ao final de 2021 e encontra-se em seu maior valor desde 2014.
 

A semana termina de forma movimentada para a economia, com notícias difusas sobre o ICMS e a tentativa do governo em dar uma resposta para o alto preço dos combustíveis. De toda forma, o destaque da semana fica por conta do avanço do PIB e de uma perspectiva melhor para a atividade do que o suposto anteriormente.

O PIB do primeiro trimestre de 2022 cresceu 1,0%, abaixo das nossas expectativas e da mediana do mercado, ambas em 1,2%. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve crescimento de 1,7% (vs. Modal 2,4% e mercado 2,1%).

A agricultura foi afetada pela seca provocada pelo La Niña no sul e parte do centro-oeste. Enquanto a indústria continua sofrendo com gargalos logísticos globais e aumentos nos custos. Por outro lado, os serviços vêm se recuperando e foi o principal motor para o crescimento do primeiro trimestre. Sob essa perspectiva, os carregos da Agropecuária, da Indústria e dos Serviços para o ano encontram-se em -2,1%, -1,0% e 2,3%, respectivamente.

Pelo lado da demanda, o crescimento da atividade foi puxado pela Despesa de consumo das famílias, que registrou alta de 0,7% (Modal: 0,8%). Além disso, Despesa de consumo da administração pública avançou 0,1% (Modal: 0,7%) e Exportação de bens e serviços, 5,0% (Modal: 3,0%). Ainda, houve queda em Importação de bens e serviços de 4,6% (Modal: -1,5%) e destaque negativo para o recuo na Formação bruta de capital fixo (FBCF) de 3,5% (Modal: -0,3%).

O consumo das famílias ainda está abaixo dos níveis de 2019, o que indica espaço existente para mais crescimento – o carrego da abertura para o ano é de 1,6%. As exportações líquidas, por sua vez, parecem ter sido fortemente impactadas pelo câmbio e dinâmica global de realocação de cestas. A surpresa negativa da FBCF deixa um carrego de -4,5% para os investimentos.

O PIB surpreendeu positivamente no primeiro trimestre de 2022 frente às expectativas ao final de 2021 e encontra-se em seu maior valor desde 2014. Já o carrego para o restante do ano é de 1,5%.

O avanço do consumo das famílias e, sua contrapartida dos serviços pelo lado da oferta, reforçam o relevante papel da reabertura da economia e também dos estímulos (como Auxílio Brasil e liberação do FGTS) implementado pelo governo no começo ano.

O resultado, juntamente aos dados de mercado de trabalho, aponta para um hiato menos aberto do que o projetado anteriormente. Em outras palavras, a inflação corrente elevada e a atividade mais forte que a esperada dificultam a tarefa do BCB em trazer a inflação para a meta em seu horizonte relevante.

Logo, há mais riscos em torno da projeção de taxa SELIC e inflação. Mantemos a expectativa de que os juros cheguem a 13,75% em agosto, mas a perspectiva do início de um ciclo de corte, que o mercado gostaria de vislumbrar, parece ficar postergado no tempo.

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