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O PIB cresceu. Podemos comemorar?

Publicado 03.03.2023, 18:52
Atualizado 09.07.2023, 07:32
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2022, de acordo com o IBGE. O resultado foi impulsionado pelos setores de serviços e indústria. Agropecuária, por outro lado, registrou queda de 1,7%. Ao todo, o indicador alcançou a marca de R$9,9 trilhões no ano passado.
Contudo, como questiono no título do artigo, será que temos motivos para comemorar o crescimento? A resposta é não.
Em entrevista para a CNN, a economista e professora do Insper, Juliana Inhasz, ressaltou que apesar de positivo, o resultado não é sustentável uma vez que já podemos ver uma desaceleração ao analisar o indicador no quarto trimestre de 2022.
Ela ainda destacou que o ritmo apresentado no ano passado ainda se deve muito aos efeitos da retomada do setor de serviços depois das restrições decorrentes da pandemia. Também foram lançadas medidas de estímulo sem um planejamento para o longo prazo que não devem gerar efeitos persistentes.
Além disso, a economista também destaca que o cenário macro do Brasil não indica que teremos resultados positivos sustentáveis.
Como já destaquei em artigos anteriores, nos meses que antecederam a tomada de posse do novo governo, esperava-se um ajuste da ordem de 1,5% a 2% do PIB nas contas públicas e o que tivemos foi um gasto de proporções parecidas.
Ainda que algumas sinalizações do ministro da fazenda Fernando Haddad mostrem compromisso fiscal, ainda não vimos os resultados da gestão de forma prática. O que existe hoje no mercado é uma incerteza sobre a condução da política econômica e dúvidas sobre as medidas a serem tomadas.
De acordo com Juliana, e isso é fato, essas indefinições colocam o Brasil em “status de espera”, com investidores aguardando os próximos capítulos para tomarem decisões.
Ao mesmo tempo, não só o Brasil, mas boa parte do mundo, vive um período de juros altos que têm provocado desaceleração na atividade global. Não sabemos exatamente até onde a política de aperto monetária, especialmente nos Estados Unidos e Europa, vai.
Até lá, vamos precisar novamente contar com a China, que tem se recuperado antes e mais rápido que o previsto. Na quarta-feira, dia 1 de março, o gigante asiático reportou crescimento no PMI da indústria, que passou de 50,1 pontos em janeiro para 52,6 em fevereiro.
A notícia repercutiu positivamente na bolsa de Hong Kong e na Europa. Sem dúvidas, este movimento é bastante positivo para o Brasil, que tem o país como um grande parceiro comercial e atualmente o nosso maior comprador de commodities.
Em outras palavras, a exportação da nossa produção, especialmente agrícola, para a China deve equilibrar um pouco o jogo.
Contudo, existem caminhos a serem seguidos a fim de colocar o Brasil em uma trajetória de crescimento mais sustentável de longo prazo.
Sem dúvidas a solução não passa por declarações contra o Banco Central, que tem atuado de forma bastante eficiente no combate à inflação.
O nosso foco agora deveria ser a criação do tão falado arcabouço fiscal, que deve ser confiável e exequível. Como eu disse, alguns membros do governo parecem ter entendido a importância de construir uma trajetória sustentável de pagamento da dívida pública a longo prazo.
Mais do que crescimento, isso traria equilíbrio e confiabilidade para a economia.
Enquanto isso, do lado do investidor, a dica é não concentrar demais os investimentos em apenas uma classe de ativos. Como eu já disse em outras colunas, diversificar a pulverizar a carteira de forma equilibrada me parece uma boa opção neste momento.
Até a próxima!

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