O futebol é, sem dúvidas, uma paixão nacional. A torcida pelo clube de coração ocorre de geração para geração e em quase todos os lares brasileiros. A verdade é que o nosso povo ama esse esporte e, por trás de todo esse sentimento, existe um mercado bilionário como todos sabem.
Um estudo realizado pela consultoria esportiva Convocados em parceria com a Galapagos Capital e a Outfield mostra um panorama das contas dos times do Brasil.
De acordo com o relatório, as receitas dos clubes da série A cresceram 22% para quase R$9 bilhões. Se consideradas apenas as rendas recorrentes, o crescimento foi de cerca de 16%.
O estudo concluiu ainda que os direitos de transmissão mantiveram-se estáveis, que as receitas de bilheteria aumentaram além dos recursos oriundos de patrocínios e ações de publicidade.
Segundo o economista Cesar Grafietti, responsável pela pesquisa, apesar do crescimento, muitos clubes acabaram não usando os recursos para o pagamento de dívidas, mas, sim, para o reinvestimento na equipe.
Isso tornou a situação para alguns times praticamente insustentável. É o caso, por exemplo, do Corinthians. Com receita de mais de R$1 bilhão e uma das torcidas mais apaixonadas do Brasil, o endividamento da agremiação tem prejudicado seu planejamento esportivo com resultados muito abaixo do seu potencial nos últimos anos.
Por outro lado, alguns clubes como Flamengo, Palmeiras e Athlético Paranaense, que se reestruturaram financeiramente, se sobressaíram esportivamente.
E, não só, tal organização tem criado um abismo entre essas equipes e as demais, que patinam para pagar as contas em dia.
Diante deste cenário, nos últimos anos, muitos clubes têm buscado alternativas para voltarem a ter competitividade, tanto dentro quanto fora dos campos.
E o caminho escolhido tem passado pelo mercado de capitais.
De olho nos resultados de clubes de países como Inglaterra e Espanha, algumas equipes brasileiras têm entendido que se organizar como uma empresa pode ser interessante.
Isso significa seguir algumas regras de governança para evitar situações como a atual, de alto endividamento e, em muitos casos, de falta de liquidez para o pagamento das obrigações.
Ou seja, com a ajuda de gestores profissionais, as equipes se organizam, elaboram modelos de negócio e investimento que, a longo prazo, elevam as receitas e se refletem dentro do campo.
Isto porque elas passam a acessar linhas de crédito com taxas mais atrativas, além de atrair investidores interessados em elevar ainda mais a capacidade competitiva daquele time.
Segundo Andrea Di Sarno, sócio da Galápagos Capital, um dos marcos mais importantes para que este movimento fosse iniciado foi a aprovação da Lei das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF).
Ele explica que este movimento pode se intensificar e que, apesar de ainda existirem poucas alternativas para o investidor na ponta final, o mercado vai conseguir oferecer produtos de crédito estruturado como debêntures, CRIs e FIDCs.
Atualmente, as opções disponíveis para quem quer investir no time do coração se concentram em fundos de private equity, fundos especializados em esportes e alguns hedge funds.
De fato, este movimento de profissionalização do futebol brasileiro é relativamente recente e ainda tem muito o que evoluir, tanto do lado dos clubes, que precisam buscar uma reorganização adequada, quanto do mercado, em oferecer alternativas.
Quem sabe este não seja o movimento que um dia nos trará o Hexa?
Até a próxima e bons negócios!