A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) realizou a reunião do Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto (CMMC) nesta manhã, preparando o terreno para a próxima cúpula da Opep e Opep+ no dia 5 de dezembro. Embora não tenham a intenção de criar políticas, as reuniões do CMMC são realizadas no intuito de revisar e discutir o cumprimento do acordo da Opep+ em vigor, que foi renovado pela última vez em julho, por nove meses.
Contudo, a principal notícia sobre a Opep não tem a ver com o cumprimento desse acordo ou a política futura a partir da reunião do CMMC, mas com a saída de Khalid Al-Falih do posto de ministro do petróleo da Arábia Saudita, no domingo, e sua substituição pelo príncipe Abdulaziz, filho do atual rei saudita. As atenções da imprensa estiveram voltadas nesta semana à ascensão de Abdulaziz ao cargo de ministro para saber se haveria alguma mudança na política de petróleo da Arábia Saudita, principalmente no que se refere à Opep e ao acordo com a Rússia e outros parceiros não membros do cartel.
Novo ministro do petróleo, nova política para o petróleo?
Não há qualquer razão para acreditar que as políticas do ministério do petróleo da Arábia Saudita serão diferentes sob a gestão de Abdulaziz. Na semana passada, ele foi taxativo ao dizer que prosseguiria com o acordo com a Rússia. Na reunião do Congresso Mundial de Energia, em Abu Dábi, na segunda-feira, o novo ministro afirmou:
“Agora temos uma família maior, que é a Opep+ (...). Muito em breve vamos comemorar o estatuto que continuará nos aproximando, até que a morte nos separe."
Alguns analistas sugerem que Abdulaziz tenha a missão específica de elevar a cotação do petróleo durante os preparativos da iminente abertura de capital da Aramco, petrolífera estatal saudita. A teoria é que o petróleo mais caro tornará a empresa mais valiosa. Embora a monarquia queira que Abdulaziz eleve a cotação do petróleo, não há nada que ele possa fazer que já não tenha sido tentado antes por Falih. Atualmente, o mercado está sendo direcionado pela abundante oferta proveniente dos Estados Unidos, por temores de uma iminente desaceleração econômica mundial e pela guerra comercial entre China e EUA.
Medidas para maximizar o IPO da Aramco
Abdulaziz pode seguir uma estratégia unilateral de cortar ainda mais a produção da Arábia Saudita. Isso seria um erro, na medida em que não só reduziria a receita da Aramco às vésperas do IPO da companhia, como também permitiria que outros produtores ocupassem o vácuo deixado pela petrolífera, lucrando às custas da Arábia Saudita; além do quê, não há qualquer garantia de que os preços subiriam o suficiente para compensar os barris que foram retirados do mercado. Na década de 1980, a Arábia Saudita seguiu uma estratégia similar, que acabou se revelando um erro e fez com que o reino perdesse dinheiro.
Devemos assumir que Falih já estivesse implementando as estratégias petrolíferas ambicionadas pelo rei Salman e seu príncipe herdeiro Mohammed. Embora a monarquia saudita tradicionalmente conceda certa independência ao ministro do petróleo, este deve servir ao rei. Se houver qualquer mudança na política do ministério do petróleo sob a nova gestão, será porque as opiniões do rei mudaram.
Mas existe uma estratégia que Abdulaziz pode seguir e que está passando ao largo da imprensa. Quando as ações da Aramco começarem a ser negociadas, a intenção da empresa será mostrar uma receita elevada, a fim de impulsionar sua avaliação de mercado. O custo de produção da Aramco é tão baixo que uma forma de conseguir isso seria aumentar drasticamente a quantidade produzida, mesmo que isso provocasse uma queda na cotação do petróleo. Abdulaziz pode seguir uma política sem qualquer restrição de produção na Opep, similar à adotada por Ali Al-Naimi em 2014. Isso sem dúvida faria com que os preços mundiais do petróleo despencassem ainda mais, mas permitiria que a Aramco bombeasse alguns milhões a mais de petróleo por dia para obter uma receita maior. Trata-se de um cenário improvável, em vista das últimas declarações do príncipe Abdulaziz, mas é uma possibilidade que os traders não devem deixar de considerar.