O Ibovespa caiu apenas 0,13% ontem.
Se compararmos com a derretida de 1,75% do S&P 500, até que não foi mal.
A verdade, porém, é que o índice disfarçou, assim como tem disfarçado desde o início deste drawdown.
Ibovespa, o mestre dos disfarces.
Finge que não viu, torce para sairmos de casa na semana que vem, pela porta dos fundos (a chave do cadeado fica embaixo do tijolo).
Fica tranquilo, logo estaremos de volta ao Guarujá, empinando pipa, pegando carona para a Enseada.
Ontem, uma vez mais, subiram caronistas do dólar, bem como as representantes do e-commerce, dentre as vencedoras da nova normal.
Há mesmo genuínas vencedoras na nova normal?
Ou só no relativo?
Compra minhas ações, estou menos pior de bêbado.
Beija meus lábios, não sou tão feio quanto o Arthurzinho, não mordo língua.
Pelo que eu me lembro, nos meus tempos de boca virgem, Embraer (SA:EMBR3) costumava acompanhar a moeda americana.
Mas, ontem, EMBR3 foi mal, muito mal.
Já IGTA3 disparou três e setenta e sete. Podia ter sido três meia cinco, caso você visse Iguatemi (SA:IGTA3) também como um negócio de e-commerce.
E HGTX3 perdeu outros quatro oito três, cortou a coleção de verão que chegaria às lojas em julho. Talvez, com alguma sorte, possa vender peças de inverno no inverno, eu não entendo nada de varejo de moda.
O mercado escolhe sua história para cada alta e cada baixa; eu escolho as minhas, meio malucas, espero poder lucrar com elas.
A cada investidor cabe o direito, inalienável, de poder interpretar suas próprias histórias.
E, a cada índice de ações, cabe o dever de tentar seduzir o investidor.
Seduzir no bom sentido, é claro, pois tudo que um Ibovespa quer é ser amado.
Ser amado do jeitinho que é, qualidades e defeitos para a vida inteira.
Depois de tanto tempo vivendo à sombra da Selic, novo corte de cabelo que ninguém repara, maquiagem para assistir ao Zorra Total, chegou a hora de assumir protagonismo.
Se não há alternativa por aí, a culpa não é dele, não tem nada a ver com isso.
Ninguém mandou deixarem para amanhã o que não pode cair hoje.