Em agosto o mercado jogou a toalha e abandonou as expectativas de que o governo possa se reorganizar politicamente a ponto de aprovar reformas econômicas e fazer avanços que permitam o controle da inflação e mantenham a retomada para o próximo ano.
Essa nova convicção forçou a zeragem de posições de fundos, principalmente os multimercados e de investidores menos confiantes (stop de posições). Os impactos atingiram todos os mercados, principalmente o de ações (Ibovespa -2,47%) e o mercado de juros futuros, que viu a taxa de dez anos atingir 11% a.a. ao fim do mês.
O mercado, os agentes econômicos e parcelas relevantes da sociedade não estão entendendo o racional das últimas atitudes do presidente Bolsonaro.
A busca constante pelo conflito e a sabotagem ao próprio governo não fazem sentido. Isto tem gerado uma queda de confiança para um nível difícil de ser revertido. Somem-se a isso a seca, escassez de água e elevação do preço da energia.
O aumento do risco potencializou a inflação e na sequência as taxas de juros. Este novo patamar de inflação/juros é difícil de ser revertido, toma tempo.
Achamos que apenas a perspectiva de um novo mandato, em novas bases e novo projeto ou então outro postulante ao cargo de presidente com um projeto consistente, podem fazer os agentes econômicos retomarem a confiança.
Quando isso ocorrer, (1º semestre de 2022) poderemos ter uma nova onda de valorização expressiva das ações, que realmente estão demasiadamente depreciadas.
Enquanto isso, deveremos viver impulsos de curto prazo de valorização/desvalorização refletindo a desconfiança do investidor. Impulsos por ocorrer ainda neste ano: uma negociação definitiva dos precatórios, um orçamento federal que acomode novos programas sociais.
Destacamos também outros pontos positivos neste governo que devem refletir favoravelmente no mercado quando forem destravados, principalmente na área de privatizações/concessões e reformas microeconômicas, tais como a lei das ferrovias, lei do gás, BR do mar, dentre outras iniciativas com grande potencial de alavancagem de investimentos a médio/longo prazos.
Este é o nosso cenário para o mercado como um todo. Sabemos que algumas ações, menos dependentes da conjuntura do momento, podem se destacar e se valorizar neste período de indecisão.
Acreditamos que existem muitas empresas nessa condição e é justamente nessas ações que os investidores devem colocar o foco.