Guerra comercial dos EUA com a China ainda quente, e para piorar, recrudesce a luta entre a nova política do Executivo e a velha do Legislativo. Era esperado. Sem dúvida era. Movimentações no Congresso Nacional do chamado Centrão para esvaziar a Reforma da Previdência, re-inchar a Máquina Pública e implantar um "parlamentarismo branco", com comando ativo da Administração Pública pelo Legislativo, tudo isso levou o mercado a um stress tremendo. Tudo isso sob as bênçãos plácidas dos militares, que não se eximem em evitar que o governo caia num crime de responsabilidade.
Em apertada síntese política, a estratégia dos adversários do governo no Congresso é diabolicamente simples: asfixiar por meio do orçamento o Executivo para que este fique sem dinheiro para pagar as contas. Isso se dá negando recursos e aumentando as despesas. OU o governo pedala e cai por Crime de Responsabilidade, OU não paga as contas e cai por Crime de Responsabilidade. Porém a alternativa é governar com os conchavos com o Legislativo, com as esquerdas na cola como oposição. Ora, sabemos ser isto a receita para a corrupção, com denúncias e queda por Crime de Responsabilidade. Este é o famoso Leito de Procusto, como Nassin Taleb também relembrou.
Como prevíamos, aconteceu, o mercado reage ao perigo de um governo Hamilton Mourão: Bolsa para baixo, dólar para cima. O dólar responde rápido, atingindo a máxima de 4,10 a época eleitoral. O brasileiro deve se preparar para o pior em caso de prematura queda do presidente eleito: Reservas em dólar e ouro, inclusive físico, posições vendidas em Bolsa brasileira. Carteira de puts e collars em derivativos. Movimentos de diversificação em bolsa americana. Títulos indexados à inflação. Imóveis como preparação à desvalorização monetária de um governo inflacionário desenvolvimentista. E, naturalmente, o retorno a um governo de esquerda aliado ao Foro de São Paulo nas próximas eleições . Eu acrescentaria ainda uma pitada de pimenta ai, a venda de calls descobertas, porém muito pouco. Só para dar um temperinho.
Eua X China
A China há que se consolar aumentando sua influência no Brasil , porque Trump está com a faca e o queijo na mão para colocá-los em seu lugar. A economia americana vai bem, e a chinesa não, que desacelerou mais profundamente ainda em abril. Pequim vai tentar dar leite de pata com incentivos. É sempre assim.
Logicamente, a retórica da guerra comercial fez o Dow Jones fugir dos topos. E pelo twitter o presidente americano já passou o recado de que é melhor a China aceitar logo o re-alinhamento das tarifas, ou torcer pela vitória da oposição, porque em seu segundo mandado ele jogará mais pesado ainda.
Apesar de tudo, o ouro não reage à tensão. É por isso que nos mantemos otimistas com a economia mundial. Numa crise, deveria estar acima de 1300 USD/onça. Se o ouro vai mal, este mundo de moeda fiduciária e DSE vai bem. Infelizmente, no Brasil, com o preço atrelado ao dólar, vemos quase 167 R$/grama. O dólar quem subiu, não o ouro.
Por falar em moeda, e não é que o Bitcoin deu uma reagida??? Chegou a 8.000 USD! Veremos, veremos, veremos... E o petróleo? Deu um tempo. A Arábia Saudita vem se comportando. Nem se ouve mais falar tanto da Rússia... Mas com a tensão política, nem pense em achar que isso influencia tanto Petrobrás, que descansou num suporte de 24,50. E olha que há duas semanas os preços dos combustíveis estão imóveis..