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O Mercado de Câmbio Começa a Entender que Mudança Rápida é Impossível

Publicado 22.09.2014, 10:48
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Importante mudança de percepção ocorre no mercado de câmbio no momento e que consideramos relevante.

Exaustivamente vimos destacando desde junho quando as pesquisas eleitorais começaram a impactar mais forte sobre os ativos do mercado financeiro, que os efeitos sobre Bovespa não se alinhavam com movimentos idênticos no câmbio.

Destacamos que a mudança no câmbio enseja que o novo governo, seja qual for, terá que criar um programa de governo que redirecione o país à retomada do crescimento, com foco em investimentos e política fiscal de rigor, para que reconquiste a confiabilidade, credibilidade e atratividade dos investidores estrangeiros, de forma que o país reconquiste fluxos de recursos externos intensos, que proporcione que a liquidez seja autogerada pelo próprio volume de negócios do mercado e que o BC possa retomar a compra de excedentes para reforçar as reservas cambiais, e, então possa gradualmente promover o desmonte da excepcional intervenção da autoridade monetária no mercado cambial, em torno de US$ 95,0 Bi “em ser” em contratos de swaps cambiais e mais em torno de US$ 15,0 Bi de liquidez gerada pelos bancos com a constituição de posições vendidas, financiadas por bancos estrangeiros.

Não há a possibilidade de “linha reta” entre o “status quo” e o “desejável” simplesmente por ser anseio deste ou daquele candidato, entre a teoria e a prática existe um longo percurso, que exige antes de tudo acertos de gestão, sem os quais também não será possível corrigir o quadro bastante desfavorável presente.

Falta perceberem que será inevitável a piora do contexto atual em torno da taxa cambial para depois, se tudo for executado de forma precisa, melhorar.

O Brasil tem um cenário prospectivo de curto/curtíssimo prazo muito perverso para os fluxos cambiais que tendem a se tornar negativos na medida em que deve ocorrer substantiva saída de recursos do país, em especial os especulativos, e que pode adicionalmente ser estimulada se o FED americano der um sinal de mudança breve da sua política monetária ou mesmo se o próprio mercado financeiro americano por si só acabar por conduzir a taxa de juro dos T-Bills de 10 anos para o entorno de 2,70%.

O instrumento financeiro “swaps cambiais” vem perdendo eficácia como fator de influência na formação do preço, tendo em vista que grande parte da demanda por “hedge” está atendida, não sendo o fator de pressão maior na demanda, que tende a se concentrar em intensidade na demanda no mercado à vista.

O BC também deve ter esta percepção por isso não tem interferido no mercado futuro com ofertas adicionais de swaps cambiais como tem sido cobrado por alguns analistas do mercado. Certamente tem correta noção da capacidade de influência atual deste instrumento.

A moeda americana vem se valorizando no exterior ante as moedas fortes, e, de forma mais intensa ante as moedas emergentes consideradas mais frágeis e vulneráveis. Tem havido também mutações com certa volatilidade nos yelds dos T-Bills, em especial de 10 anos.

Os recursos que predominantemente ingressaram no Brasil no início deste ano tiveram origem em operações de “carry trade”, que passam a ser afetadas e sugerem que sejam desmontados, o que implica em saída destes recursos, afora questões presentes de incertezas com os quais este tipo de recurso não convive bem.

Há uma justificável tendência de retração nos fluxos para o país, inclusive até de IED´s por atitude prudencial dos investidores, num momento em que devem se acentuar as saídas de recursos.

É possível que investidores especulativos estejam retirando os recursos do país, porém mantendo as posições de “swaps cambiais” passando-as de “hedge” para especulativas, e isto pode ser um risco de pressão especulativa sobre o preço da moeda americana a partir do mercado futuro.

Por outro lado, não se descarta que os custos para as linhas de financiamentos externos que estão sendo utilizadas pelos bancos para lastro de suas posições vendidas venham a ser aviltados em razão das eventuais altas do juro no mercado americano e, também, pelos “senões” apontados pelas agências de rating, e isto poderá afetar o ganho de arbitragem que vem obtendo e que os motiva a serem os geradores de liquidez no mercado à vista.

Não seria bom para o BC ter que ser o gerador direto da liquidez pois isto deixaria muito evidente a fragilização do real, já ancorado em US$ 95,0 Bi de swaps cambiais para assegurar preço ao detentor de passivo em moeda estrangeira no pais, poderia estimular movimentos especulativos se passasse a dar diretamente liquidez ao mercado à vista evidenciando a insuficiência de fluxos para o país, que ocorre mas vem sendo mitigada com a participação dos bancos na geração da liquidez.

O Boletim FOCUS divulgado hoje, datado de 19 último, eleva a projeção do IPCA discretamente de 6,29% para 6,30%, mas é muito provável que o preço da moeda americana em torno de R$ 2,38 cause algum impacto. A projeção para o crescimento do PIB foi mais uma vez reduzida de 0,33% para 0,30%, mas houve melhora na projeção da produção industrial de – 1,98% para -1,94%.

No dólar as projeções do FOCUS parecem inseguras. Na semana passada reduziu de R$ 2,35 para R$ 2,30 e nesta semana voltou a elevar para R$ 2,34. Reluta em adotar uma projeção mais ousada e realista, diferentemente da postura que revela na projeção do crescimento do PIB.

Não consideramos as projeções do FOCUS para 2015, pois no quadro atual parecem mais indicativos do que projeções fundamentadas.

Enfim, como temos dito nos parece inevitável que o preço da moeda americana venha a apresentar um preço mais elevado repercutindo o contexto atual que é bastante desfavorável, e que poderá ser revertido no médio/longo prazo na medida em que o próximo governo acerte e execute com eficiência um novo plano de governo.

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