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O Medo Influencia Suas Decisões

Publicado 24.03.2020, 15:58
IBOV
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Vamos jogar um jogo simples

Digamos que eu lhe dê 20 reais para jogarmos um jogo com 20 rodadas. A cada rodada você tem a opção de investir ou não. Se aceitar investir, o custo será de 1 real e eu jogarei uma moeda. Se der cara, você ganha 2,50. Se der coroa, você perde 1 real.

Sabemos que a melhor decisão possível é investir em todas as rodadas. A probabilidade está ao seu lado. Fazendo isto, existe uma chance de apenas 13 por cento de que você acabe o jogo com menos do que 20 reais, valor que você teria caso não investisse em nenhuma rodada.

Outro detalhe importante: o resultado de uma rodada anterior não deveria afetar sua decisão de investimento na rodada seguinte — afinal, a moeda não tem memória.

Porém, quando pesquisadores aplicaram este jogo para estudo, eles identificaram um comportamento diferente. As pessoas foram separadas em grupos, um composto por indivíduos com uma forma específica de dano cerebral — não eram capazes de sentir medo —, e o outro com pessoas sem nenhuma evidência de dano cerebral.

Quem você acha que obteve a melhor performance?

Obviamente foi o grupo incapaz de sentir medo. Eles investiram em 84 por cento das rodadas, enquanto as pessoas sem dano cerebral investiram em 58 por cento.

A grande vantagem daqueles que não sentiam medo aconteceu nas rodadas seguintes a uma rodada em que perderam dinheiro, em que investiram em 85 por cento das vezes. O outro grupo, influenciado pela dor/medo de perder apenas 1 real, investiu em somente 40 por cento das rodadas seguintes a aquelas em que sofreram uma perda.

Você deve imaginar que com o tempo as pessoas aprenderiam com seu erros e melhorariam no jogo, certo?

Não é o que a evidência sugere. Quando os pesquisadores quebraram as 20 rodadas em 4 grupos de 5 jogos, eles identificaram que os incapazes de sentir medo investiram em uma quantidade de vezes similar nos 4 grupos.

Já as pessoas que sentiam medo começavam investindo em 70 por cento das rodadas iniciais, mas acabavam investindo em menos de 50 por cento das rodadas finais. Quanto mais longo o jogo era, piores ficavam as decisões.

Mas por que estou te contando esta história?

Porque este comportamento é o que costumamos observar durante as crises. A evidência sugere que o medo faz as pessoas ignorarem barganhas claras no mercado, especialmente se acabaram de sofrer uma perda.

É óbvio que o jogo foi desenhado para que tomar risco resulte em resultados positivos. Porém, este jogo é uma boa analogia ao que vivemos em uma crise, onde boas empresas negociam a preços (múltiplos) extremamente descontados e o retorno no longo prazo tende a ser positivo.

Crise = Oportunidade

No auge de uma crise, as pessoas vão se basear em dados terríveis e começar a prever o fim do mundo.

A maioria dos alocados em bolsa vai sentar e rezar, enquanto os que carregam caixa vão se achar brilhantes, mas provavelmente perderão grande parte da recuperação do mercado.

Ficar paralisado de medo é o oposto do que deveria ser feito frente a um mercado repleto de oportunidades.

A hora de comprar, como todos sabemos, é quando a bolsa cai

Quem já está na sua alocação máxima em bolsa pode trocar ativos que caíram menos por bons ativos que caíram muito mais do que o justificável e estão com gordas margens de segurança (diferença entre valor e preço).

Quem carrega caixa pode aproveitar o momento para ter o máximo de bolsa que o seu estômago e liquidez permitem (nunca se esqueça que o dinheiro alocado na bolsa não pode ter prazo para ser utilizado).

Já sei que você vai me perguntar: ok, mas quando realizar estes movimentos?

Um único movimento na mínima do mercado seria o ideal, mas sem uma bola de cristal, vários movimentos é o mais seguro.

Compre semanalmente, mensalmente ou quando o mercado cai

A bolsa já caiu 47 por cento desde sua máxima, o Preço/Lucro do IBOV está em apenas 11x. Se não for para comprar agora, quando quase tudo está barato, então quando será a hora?

O caos é tão extremo, a venda por pânico é tão urgente, que os fundamentos deixaram de ser um fator levado em conta durante a tomada de decisão. Excelente oportunidade.

Se a bolsa continuará caindo por mais algumas semanas ou até meses, que diferença faz? Você não investiu em ações esperando retorno em alguns meses, mas sim em alguns anos.

Será sempre tentador tentar adivinhar o fundo do poço. Porém, quando os mercados se acalmarem e a economia começar a se recuperar, a competição com outros compradores será muito maior e, consequentemente, os preços estarão mais altos — bem mais altos.

O melhor momento para comprar é quando ninguém está interessado em investir na bolsa. Mesmo sabendo que as coisas provavelmente vão piorar antes de melhorar, o melhor momento para comprar é agora.

“O mercado não vira quando vê uma luz no fim no túnel, ele vira quando tudo está preto, mas apenas um tom menos preto que no dia anterior.” — Jeremy Grantham, GMO.

“O remédio não pode ser pior do que a doença”

A frase dita ontem por Donald Trump nos diz muito sobre qual será a principal discussão das próximas semanas no front econômico. O presidente afirmou que o governo vai avaliar os impactos (na saúde e na economia) dos primeiros 15 dias de quarentena, para então decidir o que fazer.

O governo brasileiro vem sinalizando algo similar.

A parada nas economias globais foi uma escolha (necessária) dos governos, caso contrário, o coronavírus causa o colapso do sistema de saúde em diversos países.

Por outro lado, os governos enxergam que não podem “matar” suas economias para combater o vírus.

Se a economia ficar parada por tempo demais, a fome e o desemprego se tornarão problemas a serem considerados tanto quanto a doença.

A dimensão da saúde continuará sendo a prioridade, mas após algumas semanas de paralisação quase que total, não poderá ser a única levada em consideração.

Do lado de cá, faremos o de sempre: monitoraremos a evolução da situação com atenção.

A boa notícia é que, mais cedo ou mais tarde — a depender do curso de ação escolhido —, as coisas devem caminhar de volta à normalidade, como já caminham na Ásia. É apenas uma questão de tempo para que as engrenagens da economia comecem a girar novamente.

Até lá… nosso governo segue anunciando medidas emergenciais como a injeção de 55 bilhões de reais na economia pelo BNDES e as medidas de liberação de liquidez pelo Banco Central — com impacto de 1,2 trilhão de reais, 10x maior do que as medidas adotadas em na crise de 2008 —, divulgadas ontem.

A Nord está acompanhando de perto o desenrolar de toda esta crise e os impactos (e oportunidades) para seus investimentos.

Estamos realizando uma série diária de Lives Especiais — Comitê Anticrise, exclusivas para assinantes (de qualquer produto).

Sabemos que o momento não é fácil, queremos estar próximos nessa fase delicada.

Se ainda não é assinante, é só visitar nossa vitrine de produtos, qualquer produto te dará acesso às lives. Eu e o Bruce Barbosa fizemos a primeira ontem.

Nos vemos nas lives. Mande suas dúvidas.

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