O atual cenário econômico não tem dado descanso. Diversos setores têm reportado altas nos preços e este movimento tem feito com que a inflação no mundo todo esteja pressionada. Os Bancos Centrais, por sua vez, têm elevado os juros a fim de amenizar este cenário, iniciado com a pandemia e agravado pela guerra na Ucrânia e política de covid zero adotada pela China.
Por isso, a grande discussão no mercado tem sido em torno da questão de uma recessão na economia mundial, especialmente, nos Estados Unidos. Diante disso, qual caminho deve ser adotado pelo investidor?
Para responder a esse questionamento, gostaria de trazer alguns pontos bastante interessantes do livro “O Mais Importante para o Investidor”, de Howard Marks, sócio-fundador da Oaktree Capital.
O livro é a reunião de diversos memorandos escritos por Marks e que Warren Buffet gosta de acompanhar os conteúdos e falas do gestor.
Aqui vale ressaltar que foi preciso selecionar alguns capítulos a fim de não tornar o artigo muito extenso já que são cerca de 20 sessões dentro da publicação.
Sendo assim, o primeiro ponto que eu gostaria de destacar diz respeito ao “Pensamento de primeiro e segundo nível”. Em resumo, Marks destaca que para atingir resultados acima da média é preciso que as ideias e pensamentos do investidor também estejam.
Desta forma, o pensamento de primeiro nível geralmente está dentro de um consenso, uma vez que o mercado tem acesso ao mesmo tipo de informação. Já o de segundo sugere uma profundidade maior para a definição de um investimento.
Este trecho do livro define bem o que eu quero dizer: ”O pensamento de primeiro nível diz: “Esta é uma boa empresa, vamos comprar ações”. O segundo, “Esta é uma boa empresa, no entanto, todos a consideram uma grande empresa, e ela não é. Por isso suas ações estão superestimadas e sobrevalorizadas. Vamos vender!”.
De forma resumida, é preciso ir além do consenso.
O segundo diz respeito aos ativos de Valor! Logo no início do capítulo, o gestor destaca que a estimativa de valor intrínseco é um ponto de partida indispensável para que o investimento seja realizado de forma confiável. Sem isso, qualquer esperança de êxito, brinca, é só esperança.
Em resumo, a proposta defendida pelo gestor é bastante simples: comprar bons ativos, entenda-se por isso empresas lucrativas e com boa saúde financeira, a preços descontados.
Por outro lado, Marks também destaca a questão dos riscos envolvidos durante o processo. Neste ponto, ele menciona que é improvável ter sucesso no mercado durante muito tempo caso este quesito seja negligenciado.
Ainda que as definições de riscos possam variar, ninguém discordará que eles não costumam ser bons para os investimentos como um todo. Na Oaktree, ressalta, o risco é a possibilidade de perder dinheiro de forma permanente. Portanto, cuidado!
Um ponto bastante interessante do livro diz respeito aos ciclos. De início, Marks destaca que quase tudo na vida é cíclico. “Nada caminha para sempre em uma só direção. As árvores não crescem até o céu. Poucas coisas chegam a zero”, para tomar um trecho.
O autor destaca que em meados de 2011 dedicou um memorando inteiro ao assunto. Ele foi intitulado de “Você não pode prever. Você pode se preparar”. Em outras palavras, o gestor quer dizer que tanto nos investimentos quanto na vida, poucas coisas são garantidas e que, por isso, é preciso cautela.
Sobre as influências negativas, Marks também destaca que devem ser combatidas. De um modo resumido e sem me estender mais, vale trazer a citação inicial do capítulo.
“O querer mais, o medo de perder oportunidades, a tendência de se comparar com outros, a influência da multidão e o sonho da certeza são fatores quase universais. Assim, causam um profundo impacto coletivo na maioria dos investidores e dos mercados. Isso ocorre especialmente nas extremidades do mercado. Os resultados são os erros, e esses erros são frequentes, generalizados e recorrentes”.
Mais claro impossível. O que Marks quer dizer é que, assim como na vida, é preciso influências negativas de outras pessoas. A receita para esta questão, emendando o próximo tópico, diz respeito ao investimento defensivo.
Para o gestor, a chave está na palavra equilíbrio, mas ressalta que as atividades da Oaktree, mais do que qualquer outra coisa, são defensivas uma vez que se “evitarmos ativos perdedores, os vencedores cuidarão de si mesmos”.
Neste ponto, ele destaca que a gestora busca a média de rebatidas, usando uma metáfora do beisebol, e não as raras tacadas perfeitas. “Esperamos estar sempre no jogo devido a resultados bons e consistentes que produzam clientes satisfeitos”.
Se você gostou, recomendo ler o livro completo. Nele, é possível ter contato com as ideias de um dos gestores mais eficientes e conhecidos do mundo de uma forma acessível. Ainda que a sua estratégia vá em outra direção, os ensinamentos de Marks, sem dúvidas, poderão trazer bons insights para os seus investimentos. Bons negócios!