Ao avaliar uma ação, é fundamental considerar o fluxo de caixa no processo.
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Entenda como fluxo de caixa o montante que realmente fica (ou ficará) para o investidor (através de recompras e dividendos), e não apenas o lucro líquido.
Mesmo que uma empresa apresente um lucro líquido expressivo, isso não garante necessariamente que tal capital beneficiará diretamente o investidor.
Vou elucidar esse ponto em seguida.
Primeiramente, é necessário esclarecer o conceito de lucro líquido.
Em essência, lucro líquido é a variação no seu patrimônio. Não significa, obrigatoriamente, dinheiro em mão.
Considere este exemplo:
Suponha que você tenha R$200 mil no banco. Ao investir esse valor em um imóvel, no dia seguinte, não há lucro nem prejuízo imediato na operação.
Vejamos a matemática abaixo:
Patrimônio ANTES da compra:
R$200 mil em dinheiro;
R$0 em imóveis.
Total = R$200 mil
Patrimônio APÓS a compra:
R$0 em dinheiro;
R$200 mil em imóveis.
Total = R$200 mil
O lucro ou prejuízo só ocorre se o valor do imóvel flutuar e houver venda ou aluguel.
Nas empresas listadas na bolsa, a lógica é similar. Aquisições como equipamentos, propriedades, ou aumento de estoque, não afetam o lucro, mas reduzem o caixa.
Assim, em certos casos, lucro líquido não equivale a dinheiro no bolso do investidor.
Imagine uma varejista com os números abaixo em um determinado ano:
Receita = R$100 mil;
Lucro = R$10 mil;
Estoque médio = R$50 mil.
Quanto realmente chega ao investidor?
Depende.
A empresa pode ter mais R$10 mil no banco no final do ano. Porém, caso esteja nos planos abrir uma nova loja e aumentar o estoque, o cenário muda.
Vejamos a conta abaixo.
INÍCIO do ano:
R$0 em caixa;
R$50 mil em estoque.
Total = R$50 mil
FINAL do ano:
R$0 em caixa;
R$60 mil em estoque.
Total = R$60 mil
Lucro contábil = R$10 mil, mas sem dinheiro extra para o acionista, pois foi reinvestido no estoque.
Assim, o investidor não vê parte desse lucro.
"Mas, Matheus, a empresa está reinvestindo para crescer", alguém pode argumentar.
Isso pode ser vantajoso se os investimentos aumentarem receita e lucro futuros. Contudo, nem sempre é o caso.
Considere uma empresa reinvestindo todo o lucro, mas sem crescimento significativo desse resultado ao longo dos anos.
Após uma década, a receita pode dobrar, mas o lucro crescer apenas 20%. Sem dividendos distribuídos, o investimento ainda vale a pena?
Este exemplo, embora hipotético, ilustra que lucro líquido nem sempre beneficia o investidor.
Se a empresa não distribui dividendos, ela deve mostrar crescimento substancial em receita e lucro. Caso contrário, pode ser um mau investimento.
É importante estar ciente para evitar esse tipo de armadilha.
Algumas empresas operam com múltiplos de P/L baixos e pagam dividendos modestos (3-4% ao ano), mas não crescem ou o fazem lentamente.
No fim, o investidor obtém um retorno limitado a longo prazo.
Evite tais armadilhas!
Até breve e bons negócios!