São Paulo é uma cidade complicada por conta do trânsito, do estresse do dia a dia, da correria, das lotações nos lugares etc. Ao mesmo tempo, é a melhor cidade do mundo: é maravilhosa porque abarca qualquer tipo de atividade. Em tempos não pandêmicos, se você quisesse comprar comida armênia às quatro da manhã era capaz de ter alguém vendendo.
Nesse sentido, ela é bastante democrática, agradando a gregos e troianos. Em meio a conversas com amigos, descobri que existe um bar onde você pode fazer tiros com um arco e flecha em terras paulistanas.
Confesso que fui lá uma vez, mas não me arrisquei no esporte. Espero que sobreviva aos tempos pandêmicos para ir novamente – inclusive, estou coletando participantes (risos).
Enfim, não estou aqui para formar um time para as Olimpíadas de 2022, mas para falar de investimentos. Vamos chegar lá.
Ao refletir sobre o que escrever nestas breves linhas, pensei na relação entre sorte e consistência – e isso tem tudo a ver com os seus investimentos.
Voltemos ao nosso jogo de arco e flecha.
Imagine dois jogadores. Cada um deles tem 5 tentativas de buscar acertar o alvo e marcar pontos. A ideia é bastante simples: quem fizer o maior número de pontos vence.
As estatísticas de cada jogador são as seguintes:
Jogador A: 25 por cento das vezes acerta 100, 25 por cento das vezes 75, mas 50 por cento das vezes o 10.
Jogador B: 0 por cento das vezes acerta 100, 25 ou 10. Entretanto, 50 por cento das vezes acerta 50 e 50 por cento das vezes o 75.
Sem nem pensar muito? Quem vence é o jogador B.
Calcule o valor esperado disso (ponderar probabilidade e os resultados) que você vai perceber a mesma coisa. Isso porque, por mais que o jogador A tenha mais probabilidade de buscar o 100, o jogador B é mais consistente.
Entretanto, quando se trata dos investimentos, as pessoas tendem a focar nas grandes tacadas, inclusive valorizando quem faz isso. Acredito que seja mais emocionante dizer que pegou aquele case de grande valorização.
Eu penso diferente.
Quando estou procurando gestores para tocar o meu dinheiro e o dinheiro dos assinantes, prefiro um outro perfil.
Eu não quero um gestor cujos resultados do fundo sejam explicados pelo acerto de uma ação em específico. Isso é danoso, até porque pode não se repetir no futuro. Em outras palavras, não se vive somente de acertar grandes tacadas.
Quando estou analisando um gestor que sei que teve grandes ganhos por um case em específico, eu busco retirar da performance aquele resultado (há maneiras de fazer isso com software).
Isso porque eu preciso assumir que aquilo pode ter chegado até ele por sorte. Não podemos ter um gestor assim. Ao selecionar fundos, o que eu quero é avaliar se ele tem um processo robusto capaz de selecionar oportunidades ou não.
Afinal de contas, os resultados são criados aos poucos, em cada ação escolhida ao longo do tempo. Prefiro o gestor consistente ao inconsistente, pois será assim que ele trará mais retorno de longo prazo para nós.
Um abraço