Cumprir a agenda fiscal sem ultrapassar o teto e deixar algumas famílias desalentadas nesse momento complicado que ultrapassa o Brasil ou estourar o teto de gastos e oferecer um singelo aumento na renda das famílias beneficiadas pelo antigo Bolsa Família, hoje denominado Auxílio Brasil? Eis a questão...
Nosso ministro Paulo Guedes, influenciado junto ao Presidente Bolsonaro pelos políticos do chamado Centrão, preferiram a segunda opção.
Antes da coletiva de imprensa dada pelo Ministro e o Presidente na sexta feira, a cotação do dólar chegou a bater os R$ 5,75.
Desacelerou um pouco após a fala de Jerome Powell (Presidente do FED) que disse que de fato deve se reduzir a compra dos ativos (estímulos) em breve, contudo ainda não vê espaço para o aumento dos juros nesse momento, pois o emprego ainda está muito baixo (nos EUA) e ele acredita que a inflação americana é temporária:
"Acho que é hora de diminuir (estímulos); não acho que é hora de aumentar as taxas (de juros)", disse Powell em fala antes de uma conferência. "Achamos que podemos ser pacientes e permitir que o mercado de trabalho se recupere."
Contudo afirmou que se a inflação continuar incomodando o FED agirá.
Por aqui, a coletiva de Paulo Guedes e do Presidente fez com que a cotação do dólar tocasse as mínimas da sessão de sexta-feira.
Chamou a atenção do mercado a cobrança forte de Guedes para que o Banco Central fique à frente da curva nos juros: se nós ultrapassamos o teto de gastos, o Banco Central deve também correr com os juros. Para isso aprovamos um BC independente. O BC deve estar à frente da curva (nos juros), afirmou.
No mercado, a afirmativa de Guedes mostrou o que a maioria dos economistas alertavam: que o Bacen estaria muito atrás da curva dos juros. O mercado já está precificando uma alta entre 125 a 150 pontos na próxima reunião que acontecerá essa semana. Contudo, simplesmente aumentar os juros não é visto como a única maneira de fazer com que o dólar dê uma acalmada por aqui. As pautas políticas também são de extrema importância.
A semana será agitada com o mercado local aguardando a decisão do COPOM na quarta-feira. Na sexta-feira, formação da última PTAX do mês de outubro, que servirá de base para os contratos futuros (aquela eterna briga entre os vendidos e os comprados a fim de ficarem com uma melhor taxa). Lembrando também que um aumento nos juros acaba fazendo com que os créditos e financiamentos empresariais fiquem mais caros, causando ainda menos investimentos pelas empresas, piorando ainda mais a questão do emprego em nosso país, que já sofre com mais de 14 milhões de desempregados.
Enfim, como dizia o poeta: " É uma faca de dois legumes..." Aguardaremos cenas dos próximos capítulos.
Bom dia e bons negócios!