Desde o início de seu governo, o atual presidente Lula e uma ala de seu partido têm apresentado um discurso contrário ao mercado e ao Banco Central. Não por coincidência, os dois agentes têm reafirmado a necessidade de um controle fiscal mais adequado para que a economia brasileira possa crescer de forma sustentável.
Isto porque desde o início do atual mandato, a equipe econômica, apesar de ter apresentado um arcabouço fiscal que foi considerado razoável, não tem cumprido a meta fiscal.
Em 2023, o setor público registrou déficit de cerca de R$249 bilhões, maior rombo para as contas públicas desde o 1º ano da pandemia, em 2020.
Para 2024, já estamos no limite do que é considerado aceitável, cerca de R$32 bilhões acima do teto.
O dólar, como eu já alertei neste espaço anteriormente, saiu da casa de R$4,90 no início do ano para os atuais R$5,58, tendo batido os R$5,60 há alguns dias. Um belo de um aumento.
Com isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou contingenciamentos que já somam mais de R$40 bilhões.
É esperar para ver.
A questão é que, como disse um gestor durante a semana, “pior do que o discurso é a política do governo Lula”. Ou seja, em diversas entrevistas o atual presidente adota um discurso contrário a redução de despesas.
E a cabeça dos investidores funciona de modo relativamente simples, mas que Brasília parece não compreender: se as contas públicas colapsarem, o país perderá a capacidade de honrar sua dívida, que é grande e pode estourar facilmente, gerando uma crise da pior natureza.
Além disso, este tipo de problema, como muitos especialistas costumam explicar, pune especificamente as classes mais baixas, ou seja, pessoas com menor capacidade financeira em caso de disparada da inflação.
Em outras palavras, ao mesmo tempo em que adota um discurso a favor dos pobres, o governo parece não compreender que suas ações punem, com mais rigor, exatamente esta faixa da população.
Por fim, é importante dizer que em um momento de disrupção tecnológica como o que vivemos, é fundamental que qualquer país tenha um planejamento de longo prazo, que priorize a educação e a produtividade.
Não é o que temos visto no Brasil. Durante os últimos 30 anos, vimos poucos avanços nessas duas áreas que acabei de citar. O resultado disso, aliado a políticas econômicas desastrosas e crises, é o de um dólar sobrevalorizado que tira o poder de compra dos brasileiros.
O anúncio recente de Haddad de promover um contingenciamento de recursos é positivo, mas ainda precisamos de avanços mais significativos.
Enquanto isso não acontece, o investidor deve olhar para o exterior na hora de diversificar a carteira.
Ainda que o dólar esteja nas alturas, comece comprando em pequenas quantidades, um pouco por mês. Forme a sua carteira a longo prazo e não concentre os recursos em apenas uma classe e localização geográfica.
Invista no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. Hoje em dia existem diversas maneiras seguras - e vale dizer, legais - de criar uma carteira de investimentos fora do Brasil.
Mesmo que o país se torne o paraíso dos investidores por algum acaso, manter os recursos em apenas um lugar não é recomendado. Pense nisso e até a próxima!