O Ethereum foi proposto teoricamente em 2013 e sua rede lançada em 2015. Desde então, houve o lançamento de outras plataformas de smart contracts como NEO e, agora, EOS. Há entre muitos investidores a discussão sobre se haverá uma rede que irá se sobrepor às demais, dominando o mercado, e, por fim, qual será a vencedora, se houver uma. Essas perguntas são pertinentes e motivam algumas reflexões.
É bom começar pelo atual estágio do Ethereum. A segunda maior criptomoeda em capitalização de mercado possui uma forte estrutura se comparada às demais. Dentre os 100 maiores tokens em capitalização de mercado, 94 rodavam na blockchain do Ethereum. Seu volume de transações é regularmente superior ao do Bitcoin desde agosto de 2017; além do mais, essas transações tendem a aumentar pela presença de uma potente aliança comercial. Entretanto, o potencial desse criptoativo é limitado por sua não escalabilidade: a plataforma suporta apenas 15 transações por segundo.
Há soluções planejadas para esse problema. A transição do Ethereum de Proof-of-Work para Proof-of-Stake permitirá a implementação de soluções on-chain com menores riscos, em particular a solução chamada de Sharding. Essa solução segmenta a rede em subconjuntos que processam diferentes transações. Por um lado, isso aumenta a capacidade de processar transações, por outro aumenta a necessidade de confiar em outros agentes: um node precisa confiar que os demais verificaram corretamente suas transações, dando margem a alguns novos tipos de ataques. No entanto, o desenho do Proof-of-Stake do Ethereum foi feito para reduzir a capacidade desses ataques.
Outro ponto que o Proof-of-Stake ajudará é no que diz respeito à solução “Raiden Network”. Essa solução é análoga à Lightning Network do Bitcoin, porém voltada para o Ethereum e tokens ERC-20. Argumento em outro texto que essa solução na rede do Bitcoin reduz incentivos à descentralização da rede por reduzir a remuneração de mineradores. Como o Proof-of-Stake altera os custos de hardware e energia elétrica, a possibilidade de lucro na rede é também diferente, subvertendo o argumento econômico proposto para o Bitcoin. Conjuntamente, essas duas tecnologias combinadas têm potencial claro de viabilizar o uso do Ethereum como meio de pagamento, por exemplo.
Uma terceira solução é a Plasma. Essa solução consiste, basicamente, em derivar blockchains “filho” da blockchain raiz. As blockchains derivadas processam transações, com a blockchain raiz atuando apenas em falhas. Essa solução, das três, é a intuitivamente mais simples e, também, conta com um White paper razoavelmente compreensível. Essa solução possui como vantagem, por fim, criar blockchains “filho” com diferentes especializações, aumentando potenciais aplicações da rede sem comprometer a segurança. Entretanto, há céticos quanto a esse projeto, incluindo Vlad Zamfir, líder de pesquisa em Proof-of-Stake no Ethereum, cabendo, portanto, reservas ao que esse projeto pode trazer para a rede.
Com todas essas potenciais melhorias, acredito que o Ethereum possui excelentes perspectivas se algumas delas forem implementadas com sucesso. No atual estágio, no entanto, não creio ser sensato apostar na sobrevivência apenas de uma criptomoeda; nesse caso, defendo a diversificação. Contudo, também acredito que dos projetos atuais o com maior potencial de ser o mais importante é o Ethereum. Suas mudanças tecnológicas revelam potencial de escalabilidade; casos de uso por governos ao redor do mundo mostram importantes aliados na sua sobrevivência e desenvolvimento. Numa época de lançamento de diversos projetos no mesmo segmento, a comunidade do Ethereum ainda apresenta boas ideias e deve continuar sendo observada por investidores de criptoativos.