Você assistiu àquele filme A Grande Aposta? Um amigo crítico de cinema disse que merecia Oscar. Eu concordo, embora não seja crítico de cinema. É um filme muito bom. Ainda melhor, a atuação do Christian Bale - claro, a Margot Robbie faz uma participação especial e também está muito bem, mas por outras razões.
Você deve se lembrar da história dos CDOs - instrumentos derivativos lastreados no mercado imobiliário americano e que só paravam em pé sob a premissa de que os ativos imobiliários iam seguir subindo pra sempre.
Bom... uma hora as casas pararam de valorizar, os mutuários pararam de pagar, o Lehman Brothers quebrou e a economia mundial colapsou.
Quem apostou contra o housing market americano quebrou a banca, mas, durante muitos meses (até anos, no caso do Michael Burry) quem estava vendido em CDOs sofreu e teve resultados abaixo do mercado, que vivia a exuberância irracional do mercado de subprime americano.
Eu quero chamar atenção para belíssima pirâmide financeira das “Startups”.
O esquema é disfarçado de grandes empreendimentos modernos, pessoas descoladas administrando os chamados Unicórnios, com cultura do "empreendedorismo" e da “economia colaborativa”
As empresas operam no prejuízo há anos. Até aí, um caminho natural para empresas de crescimento rápido. Uma empresa não deixa de existir em virtude de prejuízo contábil e sim por não gerar caixa.
Com um par de lentes projetado sobre a realidade para deixá-la com mais foco, é necessário enxergar o lucro, ainda que em um horizonte mais distante.
Entretanto, resultados financeiros não apresentam nenhuma melhoria significativa.
Como conseguem operar? Simples: investidores injetam uma grande quantidade de capital na empresa anualmente, o que subsidia os custos.
Fundos de venture capital fazem aportes mais vultosos ainda na fase em que a empresa está começando a se desenvolver. Mais para frente entram os fundos de Private Equity.
Os fundos ganham dinheiro vendendo a participação na empresa, inclusive por meio da abertura de capital, quando ela passa a valer muito - e isso independe do fato de o negócio dar lucro ou não.
De onde vem o dinheiro?
A WeWork, por exemplo, não permite o consumo de carne bovina em seus escritórios devido à preocupação com o impacto ambiental. Mas não parece se importar com a origem do recurso injetado na empresa.
Boa parte dos anabolizantes vem da Arábia Saudita (do Mohammed bin Salman, aquele mesmo, que ordenou cortar em pedaços e dissolver no ácido o corpo do jornalista Jamal Khashoggi) que se tornou a maior fonte de capital para startups dos Estados Unidos.
O Softbank, administra U$ 100 bilhões com Vision Fund - fundo de investimento focado em tecnologia. Mais da metade é de origem Saudita, onde o fundo investe em aproximadamente 80 empresas, dentre elas, Uber (NYSE:UBER) e Wework.
Em algum momento teremos outro problema financeiro, já que bancos como Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley (NYSE:MS) não são apenas investidores destas Startups, mas também emprestam dinheiro à Arábia Saudita.
A maioria das Startups funcionam como um Esquema Ponzi, precisam de aporte anual para sobreviver.
Em maio, o Softbank reportou o maior prejuízo de sua história, com perdas de 18 bilhões de dólares no Vision Fund.
O teatro, que já é pequeno e apertado, está ficando cada vez mais lotado.
E não tem saída de emergência.
O que temos para hoje?
Após uma tímida realização de lucros, mercados adotam tom de cautela à espera da decisão política monetária do Federal Reserve.
A atenção estará voltada ao comunicado e a possíveis revisões de projeção do PIB. O mercado espera manutenção de juros no intervalo de 0% e 0,25%.
No Brasil
O IPCA de maio será divulgado e pode definir o rumo das taxas futuras de juros logo na abertura do mercado. Para o Ibovespa, após uma realização de lucros na véspera, a abertura segue sem muita energia a priori, seguindo os pares internacionais.