No vai e vem do preço da moeda americana há motivos indutores de baixo calibre provocando efeitos fortes.
Primeiro caiu porque aumentou a “convicção” do mercado de que o cenário político é favorável ao candidato presidencial do mercado financeiro, para depois subir com a contrariedade desta “convicção” com novos boatos então desfavoráveis, e, depois surgiu um fato concreto que foi a Ata do FOMC não emitindo sinais imediatos de mudança da política monetária americana, então foi possível uma terceira rodada, desta vez mais uma vez fazendo cair o preço da moeda americana.
Como costumamos afirmar este não é um mercado para principiantes e com um sutil detalhe a mais, não tem inocentes só espertos.
Por isso, afirmamos ontem que o ambiente era propicio para “ganhos por poucos e perdas por muitos”.
O fluxo cambial divulgado ontem pelo Banco Central do Brasil, embora positivo no mês em US$ 2,044 Bi, sendo US$ 1,021 Bi comercial e US$ 1,022 Bi financeiro, não permite otimismo visto que na penúltima semana do mês já havia tido um pífio saldo positivo de US$ 131,0 M e na última semana registrou saldo negativo de US$ 1,517 Bi, composto por positivo US$ 61,0 M comercial e US$ 1,579 Bi negativos financeiro, um mal sinal indicando saída de capitais do país.
Ao observarmos a posição da Balança Comercial – câmbio contratado e físico em que no fechamento de agosto havia um saldo de exportações a contratar de US$ 15,354 Bi agora está reduzido a US$ 9,508 Bi indicando que ingressaram US$ 5,846 Bi do que estava no exterior, enquanto que as importações que registravam a contratar US$ 7,671 Bi teve elevação para US$ 10,824 Bi. Então o país está passivo em US$ 1,316 Bi diferença entre importações e exportações em aberto para contratar.
A posição dos bancos, segundo o BC, está “vendida” em US$ 17,163 Bi, quando pelos números divulgados deveria apontar US$ 16,782 Bi, havendo uma diferença de US$ 381,0 M que não foi esclarecida.
O cenário prospectivo sugere que o fluxo pode se tornar negativo de forma sustentável doravante.
O IBGE anunciou o IPCA de setembro com surpreendentes 0,57% levando o acumulado em 12 meses a 6,75% acima dos 6,50% que é o teto máximo da meta inflacionária.
As agencias de rating que se mostraram um tanto complacentes às vésperas do 1º turno da eleição presidencial já começam a emitir sinais. A agência Moody´s já surge elevando a pressão para que o próximo presidente do Brasil mude a política econômica do país, pois “mais do mesmo” terá impacto negativo sobre o rating de crédito do país.
Não é novidade que o contexto macroeconômico brasileiro é ruim, agora com a inflação mais ameaçadora após divulgação de política fiscal deteriorada, indústria em forte retração, etc.
Inegavelmente o país está fragilizado aos olhos dos investidores externos, portanto não há como ser otimista em relação a fluxos de recursos externos, inclusive IED´s, mas, ainda que o FED esteja “dovish” nas manifestações o Brasil é uma das suas preocupações quando alterar a política monetária americana, e o país está em recessão técnica.
Há em perspectiva o risco de perda de rating o que seria extremamente negativo para o país, afetando fortemente também os fluxos de recursos para o país.
Caberá ao novo governo, seja o atual reeleito ou o novo, promover as correções nos desequilíbrios e isto comprometerá todo o ano de 2015 e o câmbio, como já exaustivamente temos comentado, estará no final da linha da recuperação quando será possível, desde que ocorra a recuperação da credibilidade e atratividade, alterar a política cambial, promovendo gradualmente o desmonte da expressiva intervenção atual do governo no mercado de câmbio.
O mercado está reagindo como se com a eleição da oposição fosse possível uma mudança da política cambial de imediato, mas esta possibilidade não existe porque não existe, além do anseio, condições efetivas para que ocorra no curtíssimo/curto prazo.
A mudança da gestão da política cambial, se tudo for feito certo para recuperação dos pontos chaves do país, só será possível em 2016, gradualmente na medida em que os fluxos cambiais forem se tornando positivos.
No mais, o que ocorre no momento são exageros movidos pela especulação oportuníssima.