A semana que passou foi relatívamente atípica em termos de liquidez, principalmente na 5a e 6af devido ao feriado de Thanksgiving (Ação de Graças) nos EUA.
De qualquer forma observamos uma volatilidade bem significativa na cotação da moeda americana, principalmente depois da fala do ministro da economia Paulo Guedes afirmando que não está preocupado com a alta do dólar, mas sendo contrariado logo em seguida pelo Banco Central, que entrou vendendo pesado a moeda no mercado à vista devido à 'disfuncionalidades' na cotação da mesma, e por último, com o recálculo da balança comercial do país neste mês de novembro.
Sendo assim podemos ver que os contratos futuros de dólar nesta última semana 'sambaram' para lá e para cá, e acabaram fechando acima de uma resistência bem importante que vinha desde meados de setembro do ano passado, conforme gráfico abaixo.
Fazendo um paralelo ao que aconteceu ao redor do globo, nota-se que a moeda americana se movimentou muito pouco (na última semana em específico) perante os seus principais pares, como mostra o gráfico do índice DXY abaixo. Ou seja, observamos um descolamento da volatilidade por aqui, que se deu em parte pela decorrência de movimentações políticas (comentários) que poderiam talvez, ser colocadas de forma mais ponderada ou amena.
Ainda falando do mercado doméstico, é nítido que o IBOV futuro se encontra dentro de um canal amplo de alta desde meados do ano passado. A principal característica deste ciclo, é a formação de diversos outros ciclos que ficam contidos dentro deste canal mencionado. Ou seja, podemos identificar canais mais curtos de baixa ou correções (pullbacks), lateralizações, porém, todos respeitando os limites das linhas tracejadas em verde. Olhando mais para o curtíssimo prazo (duas últimas semanas), observamos que depois de marcar novo topo histórico, o mesmo se encontra dentro de uma congestão marcado pelas linhas diagonais abaixo em roxo, o que sugere uma probabilidade similar de rompimento (caso o faça nos próximos dias) tanto para cima quanto para baixo. Isto é, em caso de rompimento para baixo, estimamos por movimento projetado o toque na base do canal de alta mencionado acima, ou se rompido para cima, o atingimento de um novo topo histórico que se daria na casa dos 112 mil pontos.
Olhando um pouco mais para o mundo, nos gráficos a seguir (S&P500 e DAX), podemos ver que continuamos com o sentimento de otimismo nos mercados internacionais. O S&P500 encontra-se nesse momento no seu topo histórico (dentro de um canal estreito de alta), e portanto, não há resistências (barreiras) concretas pela frente. O índice alemão depois de romper a consolidação abaixo, caminha também em direção ao seu topo histórico, alcançado no início de 2018, embora agora esteja dentro de uma nova breve aglomeração.
Contudo, nesta semana, mais precisamente na 4af, Donald Trump assinou um projeto de lei apoiando os manifestantes de Hong Kong, o que vai de encontro aos interesses do governo chinês de Xi Jinping. Tal medida do líder americano pode provocar novas tensões entre os dois países, repercurtindo diretamente nas cotações dos mercados de todo o mundo e também da moeda americana (também considerado um porto seguro em momentos de incertezas).
É importante ressaltar que o ambiente econômico global ainda expira muito cuidado. Basta citarmos a desaceleração do PIB da China, a já mencionada guerra comercial entre este e EUA, BREXIT, implementação de taxas de juros negativas por uma diversidade de bancos centrais (e portanto, injeção massiva de capital 'barato' nos mercados - o que pode estar hiper inflacionando os ativos em torno do mundo), alavancagem financeira corporativa jamais vista etc.
Recomendamos muito a leitura do artigo escrito por Ray Dalio, no qual ele dá a sua visão do ambiente econômico que nos encontramos atualmente.
Com relação às commodities, observamos ainda uma acomodação do preço do barril WTI na faixa vermelha grifada no gráfico abaixo. Aparentemente, apenas uma retomada da aceleração da economia global e/ou um corte nos níveis atuais de produção, seriam capazes de mover o preço para cima com mais intensidade (embora a produção de shale (xisto) venha se tornando cada vez mais relevante nos últimos anos).
O preço do minério de ferro vem trabalhando relativamente próximo ao patamar que se encontrava pré-catástrofe da barragem de Brumadinho e do furacão na Austrália (que impactou de forma relevante a produção da BHP).
O ouro, depois de uma valorização bastante acentuada nos últimos meses, e mais recentemente após uma leve correção, vem operando agora dentro de uma lateralização / canal de baixa. A perda dessa consolidação pode acarretar numa correção um pouco mais aguda. Muitos investidores vêm 'apostando' neste metal como forma de se resguardarem à uma eventual crise econômica de proporções deveras perigosa.
Abaixo segue um gráfico com o resumo do comportamento de alguns dos principais índices do mundo, commodities e câmbio.
Para finalizar, a agenda dessa semana trará divulgações que podem gerar bastante oscilação nos mercados, como atividade industrial em diversos países, como China, Alemanha, EUA e Brasil, variação de empregos e Payroll nos EUA, além das divulgações de PIB e inflação no nosso país.
Ou seja, para variar, temos um ambiente repleto de variáveis que podem provocar ao mesmo tempo sentimentos de pessimismo e euforia. O importante é estar antenado e flexibilizar qualquer eventual hipótese em caso de sinal agudo contrário.
Por mais, desejo uma semana de muito sucesso a todos !!!
Forte abraço, e....
Bora pra cima !!!