"A economia não se importa com boas intenções. Ela segue seu curso impiedoso, e os erros cometidos se transformam em custos que ninguém pode ignorar."
Fala comigo Faria Lima - É oficial: o dólar à vista bateu os R$ 6,30, um recorde histórico. Para quem achava que 2024 já tinha esgotado sua criatividade em surpresas desagradáveis, eis aqui um "presente" de fim de ano. Só não espere que ele venha embrulhado com uma solução fiscal – esse pacote, aparentemente, ficou preso no trânsito das decisões políticas!
Os números não mentem. A inflação acumulada no ano já está na casa dos 4,87%, segundo o IBGE, enquanto o IPCA projetado para 2025 flerta perigosamente com o teto da meta. A taxa Selic, atualmente em 12,25%, parece estar em uma escalada que faria alpinistas suíços invejarem, com projeções de chegar a 14% no próximo ano.E o câmbio? Bem, o dólar não só subiu na tabela como também parece ter renovado contrato com o time das incertezas econômicas.
Daniel Sousa, da GloboNews, foi direto ao ponto, com a elegância de quem sabe que a matemática não mente. O pacote fiscal do governo chegou com a consistência de um cartão de Natal genérico: bonito no discurso, mas vazio na prática. Sem cortes significativos nas despesas, o mercado reagiu com a confiança de quem recebe uma promessa de ano novo que já sabe que não será cumprida.
Enquanto isso, o presidente Lula, em sua aparição no Fantástico, garantiu que "não há problema fiscal no Brasil". Uma afirmação corajosa, considerando que o Tesouro Nacional e a equipe econômica parecem estar fazendo malabarismos para equilibrar contas que não fecham. Como bem pontuou Sousa, problemas fiscais não são uma questão de opinião – são uma questão de números. E, até onde sabemos, números não se emocionam com discursos.
Impactos na renda fixa e variável
Para quem está na renda fixa, a alta da Selic é quase um "ho ho ho" antecipado. Títulos pós-fixados, como Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI, estão entregando retornos que fazem até o mais conservador dos investidores sorrir. Afinal, quando a taxa básica de juros beira os 14%, até o bom e velho "deixar no banco" parece uma estratégia de gênio.
Já na renda variável, o cenário é um pouco menos festivo. A B3 (BVMF:B3SA3), que já vinha enfrentando volatilidade, agora precisa lidar com um dólar forte que encarece custos de empresas importadoras e pressiona margens de lucro. Por outro lado, exportadoras como Vale (BVMF:VALE3) e Suzano (BVMF:SUZB3) podem aproveitar o câmbio para alavancar receitas – um pequeno alívio em um mercado que anda tão nervoso quanto um estagiário no primeiro dia de trabalho.
E o investidor?
Diversificação segue sendo a palavra de ordem. Em momentos como este, ativos dolarizados, fundos cambiais e ETFs internacionais são mais do que recomendados – são praticamente um kit de sobrevivência. Mas cuidado com a tentação de "ir all in". O mercado, como sempre, recompensa a estratégia, não o desespero!
Então, o que aprendemos com tudo isso? Que, na economia, milagres não existem. O dólar alto, a inflação resistente e a Selic em alta são reflexos de escolhas, ou da falta delas. E enquanto esperamos por medidas concretas, resta-nos observar, planejar e, quem sabe, brindar a 2025 com um pouco mais de realismo fiscal e menos retórica vazia.
Bons Investimentos!