O Brasil desempenha um papel inquestionável como líder global na produção de café, uma cultura profundamente enraizada em nossa história e economia. Contudo, é também evidente que, em meio a uma rotina apressada, grande parte dos brasileiros não tem a oportunidade de apreciar plenamente essa riqueza nacional. A busca por soluções imediatas no consumo muitas vezes nos priva de saborear todas as nuances dessa bebida tão especial.
Entretanto, o cenário está em constante transformação e as oportunidades para o mercado do café estão se expandindo, especialmente no Oriente. Após muitos anos de predomínio do chá, uma revolução silenciosa está ocorrendo nos hábitos de consumo dos países asiáticos.
Na China, por exemplo, o número de cafeterias tem crescido exponencialmente. De acordo com a matéria recentemente publicada no Yicai, "Com cerca de 148.000 estabelecimentos espalhados pelo país, existem aproximadamente 10,5 cafeterias para cada cem mil habitantes". A nação asiática está testemunhando uma verdadeira febre do café. Esse surto teve início com a inauguração, em 1999, da primeira loja da Starbucks na China. A gigante americana, após enfrentar nove anos seguidos de prejuízos, afirma que o mercado chinês desponta como seu foco principal. Munida de um planejamento estratégico audacioso para região, a empresa de Howard Schultz persegue um crescimento anual de 13%, com objetivo de atingir nove mil lojas até 2025. A Luckin Coffee, importante concorrente da rede americana, superou a marca de oito mil lojas em 2022, tornando-se então a maior rede de cafeterias da China. Vale mencionar também a notável expansão da Cotti Coffee, que iniciou as atividades em outubro de 2022 e, em apenas 5 meses, abriu cerca de 1.300 lojas.
Esse movimento representativo no Oriente revela uma nova perspectiva para os produtores brasileiros. À medida que o interesse por cafeterias se multiplica, surge uma grande oportunidade para oferecer aos consumidores asiáticos uma experiência diferenciada. A demanda não se limitará apenas à bebida pronta, mas também ao café em grãos para consumo (gourmets e especiais), bem como a acessórios para o preparo personalizado.
Cabe a nós, como exportadores, acompanhar essa evolução do mercado e superar barreiras e paradigmas que possam restringir nosso crescimento. Estimular o consumo de café de qualidade e oferecer uma experiência única será um passo essencial nesse caminho.
O Brasil, com sua tradição de excelência na produção de café, tem o potencial de conquistar paladares orientais e, ao mesmo tempo, expandir nossas oportunidades de negócio. Ao participar ativamente dessa mudança de cenário, estaremos não apenas contribuindo para a economia do país, mas também compartilhando com o mundo uma das mais gratas riquezas de nossa terra: o café brasileiro.