O mercado financeiro ‘vira a folhinha’ nesta segunda-feira (1º). O mês de julho começa hoje, iniciando também um novo trimestre e semestre. É o momento para os investidores ajustarem suas posições, depois da recuperação do Ibovespa em junho e da disparada do dólar. Na lanterna do ranking mensal, ficou o Bitcoin.
Já na liderança das aplicações em junho, reinaram absolutas as ações de empresas estrangeiras (BDR’s) listadas na B3 (BVMF:B3SA3). Nelson Rodrigues chamaria isso de “complexo de vira-lata”, com os ativos dos Estados Unidos ganhando preferência por aqui. Mas o escritor pouco entendia sobre estratégia de investimentos.
Mercado à mercê dos EUA
A semana lá fora tende a ser mais tranquila, por causa do Dia da Independência dos EUA, na quinta-feira (4). Na véspera, os mercados em Nova York fecham mais cedo, e funcionam a meio-mastro na sexta-feira (5) espremida entre o feriado e o fim de semana.
Com isso, tende a ficar esvaziada a reação aos dados oficiais de emprego nos EUA (Payroll). Antes, saem os relatórios Jolts, amanhã, e da ADP sobre a criação de vagas no setor privado norte-americano, na quarta-feira (3). No mesmo dia, tem ainda números da atividade no setor de serviços e a ata da reunião de junho do Federal Reserve.
Um dia antes, Jerome Powell discursa em evento sobre os bancos centrais. Combinadas, essas divulgações da agenda econômica devem reforçar a chance de ao menos um corte nos juros dos EUA neste ano, calibrando o momento exato em que o Fed deve agir - talvez em setembro.
Por aqui, merece atenção apenas o desempenho da indústria em maio, também na quarta-feira. No dia seguinte, saem os números de junho da balança comercial.
Já nesta segunda-feira, o Boletim Focus (8h25) segue no radar, como tem sido o caso das últimas semanas. O relatório deve trazer atualizações nas expectativas para inflação e juros, após a rodada de divulgações da semana passada, que contou com a ata do Copom e a prévia do IPCA.
É a política!
Mas é o noticiário político que entra em cena e vai assumindo o centro do palco. Na Europa, os franceses e os britânicos foram às urnas no domingo, com as aspirações do Brexit atravessando o Canal da Mancha para um análogo “Frexit”. Porém, a vitória por pequena margem do partido de extrema-direita na França alivia os ativos da região.
No Reino Unido, o Partido Conservador, responsável pela saída do país do bloco único europeu, deve deixa o poder após 14 anos, perdendo para o rival Trabalhista. Já do outro lado do Atlântico Norte, Joe Biden admitiu que “não teve a melhor noite” durante o debate contra Donald Trump, mas segue como o candidato democrata.
Seja quem for o vencedor na disputa pela Casa Branca em novembro, nenhum dos dois poderá tentar a reeleição. Desde o pós-guerra, nenhum presidente dos EUA pode ter mais do que dois mandatos, sucessivos ou não. Ou seja, o terceiro mandato é um feito inédito que Lula e Xi Jinping fizeram em outubro de 2022, algo que a “América” nunca poderá ter.
Daí porque o cenário geopolítico é destaque nos próximos meses. Depois de as bolsas dos EUA terem o melhor primeiro semestre em um ano eleitoral em meio século, os próximos 180 dias podem ser a vez dos emergentes, que foram abandonados à própria sorte, mas tendem a ganhar a preferência à medida que o mundo se desloca para uma nova ordem.