O cenário econômico global de 2024 apresenta uma série de desafios e oportunidades significativas para os investidores. O mercado atualmente “precifica” um déficit público de 0,5% a 0,8% do PIB, e embora a meta oficial seja um déficit zero, qualquer mudança nessa direção no início do ano seria recebida com cautela pelos investidores.
O mercado tem precificado uma taxa terminal para a Selic entre 8,5% e 9,50%. No entanto, o cenário fiscal impede que as taxas sejam ainda mais baixas. Considerando uma taxa de juros americana de 4,50% no segundo semestre e um juro real brasileiro de 3% a 4%, poderíamos vislumbrar uma taxa terminal de 7,50% a 8,50% (desconsiderando riscos fiscais).
Em relação a balança comercial, podemos observar uma mudança estrutural, pois além dos tradicionais produtos agrícolas e do minério de ferro, o Brasil está exportando significativas quantidades de petróleo. O déficit em transações correntes diminuiu de US$ 49,85 bilhões, representando 2,52% do PIB, nos 12 meses terminados em janeiro de 2023 para US$ 24,65 bilhões, ou 1,12% do PIB, em 12 meses terminados em janeiro de 2024, sendo facilmente financiado pelos investimentos diretos (IDP) que, em 12 meses, soma US$ 64,16, representando 2,92% do PIB. Essa dinâmica pode levar a uma valorização do Real em 2024, embora o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA continue a ser um fator relevante.
Quando olhamos para os Estados Unidos, é possível perceber que seu cenário econômico aponta para uma desaceleração mais lenta, com o risco de recessão descartado. Os indicadores de atividade permanecem robustos, especialmente no mercado de empregos. No entanto, os núcleos de inflação estão próximos da meta de 2%. O FED tem mantido uma postura conservadora, aguardando novos dados de inflação e atividade para iniciar os cortes, que devem ocorrer ainda em 2024. Essa dinâmica tem impacto tanto no mercado local quanto global.
Outro país que desacelera em 2024 é a China, no entanto, essa situação tem implicações globais. O país está exportando produtos industrializados em quantidade expressiva. Resultado da política adotada pelo governo chinês de desencorajar a construção de imóveis e incentivar a produção de bens industriais e semi manufaturados para exportação.
Já no Oriente Médio os conflitos seguem em escalada e isso resulta em alta nos preços do petróleo e restrições à mobilidade de navios. Essa instabilidade geopolítica causa impactos no mercado financeiro e na economia global.
Quanto aos nossos vizinhos argentinos, a resistência política deve influenciar o cenário. O Presidente Javier Milei demonstra enfrentar dificuldades para aprovar reformas no congresso. No entanto, se ele conseguir, e o país retomar o crescimento com menor inflação, isso beneficiará as exportações brasileiras.
Em resumo, o cenário econômico global é complexo e repleto de desafios. Os investidores devem monitorar de perto essas tendências e considerar suas implicações nos mercados locais e internacionais. A prudência e a diligência serão fundamentais para navegar com sucesso neste ambiente econômico global em constante mudança.