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O câmbio pós-debate dos presidenciáveis

Publicado 17.10.2022, 06:00
USD/BRL
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Vamos começar aqui desejando uma ótima e lucrativa semana (do meu aniversário, aliás), pessoal! 
 
Os receios sobre os juros nos Estados Unidos provocaram instabilidade no mercado financeiro global. Na sexta-feira o dólar ultrapassou os R$ 5,30 pela primeira vez desde o fim de setembro. A bolsa de valores caiu quase 2% e teve o maior recuo semanal em quatro meses. O dólar comercial encerrou a semana passada vendido a R$ 5,323. Apesar da volatilidade absurda da moeda, a tendência de alta se manteve e falou mais alto. O mundo está envolto em temores de inflação arraigada e diminuição de crescimento. (não aqui no Brasil, que o PIB segue sendo revisado para cima e deflação três meses seguidos!).
 
Vamos aos acontecimentos que podem mexer com o câmbio no decorrer desta semana. Podem ter certeza que será volátil até o final de outubro devido ao segundo turno das eleições que será em 30/10, e no dia 31 formação de Ptax do mês. Ou seja, outubro é um mês que o mercado ficará entre “tapas e beijos”, com mais tapas que beijos pelo jeito. 
 
No Brasil, nos últimos três meses pudemos observar que a inflação está arrefecendo e nesta semana saem IPC-S e IPC-FiPe (índices de inflação), além do IBC-Br (que é considerado uma prévia do PIB). E vamos ver como o mercado sentiu o desempenho dos candidatos à presidência pós-debate de ontem. De eventos domésticos que podem interferir no câmbio, a meu ver, somente política mesmo. 
 
Mas o mercado está reagindo muito mais a eventos externos. A agenda nos EUA está cheia e no meio da semana será divulgado o Livro Bege, que traz projeções econômicas das filiais do Fed. Vamos ver o que indica com relação à principal preocupação mundial, a inflação e os constantes aumentos de juros na tentativa de segurar essa escalada, com perigo iminente de esfriar consumo e até culminar numa recessão. Produção industrial e pedidos por seguro desemprego também devem ser observados de perto. A inflação por lá semana passada veio muito alta e acelerou bem a cotação do dólar. Indico que acompanhem os discursos dos dirigentes do Fed para “tentar saber” a qual ritmo pretendem subir os juros e por quanto tempo. 
 
Na Europa, saem dados da inflação ao consumidor e ao produtor. A inflação na Europa está no pico dos últimos 40 anos e a União Europeia anunciou medidas para conter a alta dos preços de energia por lá… veremos o desdobramento disso nos próximos dias. Dois membros do Banco Central Europeu defenderam, neste sábado, um corte no balanço superdimensionado do banco, indicando que o próximo debate sobre política monetária será sobre como reduzir os mais de 5 trilhões de euros em títulos nas mãos do BCE. A moeda comum europeia segue apanhando do dólar. 
 
A crise do Reino Unido também deve ser observada de perto por nós do mercado financeiro. Em uma tentativa de apaziguar os mercados financeiros em turbulência por três semanas, Liz Truss (Primeira-Ministra) demitiu Kwasi Kwarteng como seu Ministro das Finanças na sexta-feira e eliminou partes de seu controverso pacote econômico.
 
Na China, nesta semana teremos uma série de indicadores divulgados num mesmo dia. Produção industrial, vendas do varejo, PIB e taxa de desemprego. Como a China é nosso principal cliente de commodities, precisamos acompanhar se sairá alguma novidade com relação as medidas de Covid zero e o terceiro mandato do presidente por lá. O Brasil é muito impactado quando o consumo sobe ou cai na China. 
 
Para finalizar, minha conclusão é que com aumento de temores de uma recessão global, dada a fraqueza também da economia Europeia e a escalada da guerra na Ucrânia, investidores abandonaram bolsas e commodities para buscar abrigo no dólar, o que deu força para a moeda norte-americana. Alguns movimentos de ajuste serão sentidos hoje no mercado de câmbio com realização de lucros (que acontece sempre que há uma alta exacerbada), mas…. São janelas de oportunidade, e tomem cuidado com suas posições. Palavras da semana: cautela e volatilidade.
 
Hoje sai o nosso tradicional boletim Focus de todas as segundas-feiras e 12h tem o pronunciamento de Lane, do BCE. Bons negócios, galera! Força, Brasil!!!

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