Ontem, o mercado amanheceu alto após divulgação da ata do Copom. Na ata foi dito que há necessidade de manter a taxa básica de juros em nível elevado por período prolongado para levar a inflação a patamar próximo à meta fiscal em 2023, mas o ritmo de aumento deve diminuir e a autarquia pretende pretende fazer novo ajuste igual ou menor que 0,5 ponto percentual na Selic em agosto. A autoridade monetária afirmou que as medidas de cortes de tributos para baratear combustíveis, energia e telecomunicações, em tramitação no Congresso, reduzem sensivelmente a inflação neste ano, mas elevam, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante da política monetária.
A meu ver, nosso cenário de inflação que parecia estar se acalmando foi revisto como incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que sustentem a demanda agregada podem trazer um risco de alta para o cenário inflacionário e para as expectativas de inflação. Não tem palavra pior para o mercado do que “incerteza”. Em cenários de incerteza ocorre a tão famosa aversão a risco, e com isso valorização do dólar. Com isso o dólar chegou a R$ 5,1844.
Olhando para o mundo, o crescimento de grandes economias tem sido revisado para baixo, tanto para este ano quanto para 2023, em função da expectativa de reversão dos estímulos implementados durante a pandemia. O fato é que estamos vivendo (e isso vai continuar)uma desaceleração da atividade global nos próximos trimestres, em função das tensões geopolíticas e do aperto na política monetária.
As políticas que restringem o comércio de produtos agrícolas em países produtores de commodities (nós), junto aos efeitos da guerra na Ucrânia, trazem um risco adicional para as pressões inflacionárias globais, podendo ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas. Coitado do real…
Só que, na minha visão, a coisa não está tão feia para o Brasil, indicadores sinalizam crescimento econômico maior do que o previsto, com o mercado de trabalho em recuperação e o PIB do primeiro trimestre apontou ritmo de atividade acima do esperado, além disso, o ciclo de alta da Selic deve continuar, ainda que com incrementos não tão agressivos. Parece que essa minha visão foi assimilada pelo mercado por volta das 12 horas e o dólar caiu mais de 1%, batendo R$ 5,1174.
Para o câmbio, o que importa é que custos de empréstimos mais altos (Tx de juros maior) tendem a restringir a atividade econômica, impacto que o BC espera ser maior a partir do segundo semestre deste ano, devido à defasagem da transmissão da política monetária. Mas também tornam o mercado de renda fixa brasileiro mais atraente para investidores estrangeiros, o que, no geral, é visto como fator de impulso para o real.
Mas, no final, a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,1533 na venda. O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante seis rivais, fechou em baixa de 0,25%, aos 104,435 pontos.
Para hoje, um depoimento de Powell as 10:30 para ficar de olho e confiança do consumidor na zona do Euro.
Bons negócios a todos.