O verde é o “novo” branco! Para mim, isso é uma surpresa, porque penso, há tempos, que o nude é o “novo” branco ou “pretinho básico”, um verdadeiro curinga no guarda-roupa feminino. Mas li num site sobre noivas e madrinhas de casamento que o verde é o máximo. Neutraliza as cores da decoração da igreja e até da comemoração com os convidados. O verde evita também que as madrinhas ofusquem a noiva. Esta sim, a dona da festa! Na hora do “Sim, eu aceito!” o noivo pode até passar despercebido. Parece exagero? Não é, não! Tudo é uma questão de brilho. E você há de concordar comigo que casar é uma decisão séria e até muito difícil para aqueles que almejam o “Felizes para sempre!”.
Casar dá trabalho e ainda custa caro.
E as escolhas? São escolhas sem fim... primeiro o noivo escolhe a noiva ou vice-versa, depois a noiva escolhe a igreja e as alianças, ambos escolhem madrinhas e padrinhos. Recomenda-se (nunca!) ter grande número de casais no altar para não ter empurra-empurra na hora da foto. Mas como toda regra tem exceção, eu já assisti a casamento com sete pares de madrinhas e padrinhos de cada lado!
A foto? Um borrão. Nem a noiva escapou.
Eu me lembro de cerimônias de casamento toda vez que o presidente Jair Bolsonaro descreve uma situação. Seja ela de briga ou de reconciliação.
Há três semanas, quando o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou o governo que deixaria a articulação pela reforma da Previdência, Bolsonaro disparou: “Você nunca teve uma namorada? E quando ela quis ir embora o que você fez para ela voltar, não conversou? Estou à disposição para conversar com o Rodrigo Maia, sem problema nenhum”.
O presidente da Câmara quis morrer.
Outro dia, ao falar do ministro Paulo Guedes (Economia), o presidente disse que o bom relacionamento entre eles foi “amor à primeira vista”. Assim como eu, você deve ter compreendido que Bolsonaro quis dizer que eles têm objetivos comuns. E nós sabemos que essa é uma condição fundamental para que um “casamento” dê certo. Em sentido figurado ou não.
O episódio “tchutchuca” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na semana passada, tornou o ministro um “gigante” aos olhos do mercado financeiro. Afinal, Guedes devolveu a provocação de um petista, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Desde então, Paulo Guedes tem sido ovacionado em todos os eventos a que comparece. Ontem, o ministro voltou a brilhar no “Brazil: First 100 Days”, promovido pela XP Investimentos, em Nova York. Há dois dias, milhares de prefeitos, reunidos na Marcha dos Prefeitos em Brasília, levantariam uma estátua do ministro (se tivessem dinheiro) ao serem informados que terão um quinhão maior na arrecadação de impostos e 70 por cento, já em 2020, dos recursos que a União vier a arrecadar com leilões do pré-sal.
O ministro que me desculpe, mas hoje ele representa a madrinha que vestiu “branco” ou “vermelho” e ofusca a noiva.
Fazer o projeto da reforma da Previdência ser aprovado é missão pessoal de Paulo Guedes, você sabe... E eu não tenho dúvida de que ele vai abraçar a reforma tributária quando chegar a hora. Aos prefeitos, o ministro disse que o governo planeja criar (ainda neste ano), um imposto único com a fusão de três a cinco tributos federais e desonerar a folha de salários.
Intransigente com a economia de 1 trilhão de reais como resultado da reforma previdenciária até poucos dias atrás, o ministro já indica que ela poderá ser menor. Na segunda-feira (8), durante um seminário, ele disse também não ter a pretensão de ser articulador político, função que lhe foi atribuída por Bolsonaro.
Sobre o relacionamento do presidente com o Congresso, Paulo Guedes foi categórico. Disse, no mesmo evento em Brasília, que a lei básica é respeitar para ser respeitado. “E vale para os dois lados (...) Se o presidente não respeitar a política, a política não vai respeitá-lo. Temos de saber que somos uma coordenação, uma inteligência descentralizada e temos de ter cooperação.”
Também nesta semana, o ministro foi alvo de comentários após a publicação, no Blog do Juca Kfouri, que ele teria dito em reunião com seis presidentes de Tribunais de Contas Estaduais que “Lula não roubou um tostão. E seu patrimônio prova isso. Ele não teve quem o avisasse do que acontecia em torno do seu governo. Acabou vítima do jeito de fazer política no Brasil. Serve como exemplo”, disse o ministro, que foi interpretado como um defensor de Lula para arrepios de colegas de ministério.
O ministro é o integrante de maior brilho no governo. Mas é improvável que o presidente ou seus filhos permitam que ele se torne maior que Bolsonaro. Qualquer avanço nesse sentido colocará uma espada na cabeça de Paulo Guedes, o fiador da política econômica do governo (que tem apenas cem dias), e elevará a volatilidade dos ativos financeiros.
Fique ligado!
O presidente Jair Bolsonaro recebe nesta manhã, em Brasília, 400 convidados para celebrar os primeiros cem dias do seu governo. Embora o encontro lembre uma das reuniões do “Conselhão” (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) criado pelo ex-presidente Lula, Bolsonaro vai mesmo é comemorar a data.
Contudo, o vai e vem de políticos e empresários deve catalisar a atenção do mercado financeiro que não perde a oportunidade de monitorar as articulações do governo em torno da reforma da Previdência.
A agenda de indicadores é fraca nesta quinta-feira. Um motivo a mais para que o mercado fique de olho em Bolsonaro que participará de almoço, no Rio, com conselheiros evangélicos.
O ministro Paulo Guedes (Economia) tem agenda em Washington.