Olhando o cenário macro, o encontro representou a possibilidade de estreitarmos relacionamento com os demais países do bloco, principalmente com a Índia. Por conta do tamanho de sua população e do crescimento econômico, o país pode assumir papel de maior representatividade no comércio exterior brasileiro, assim como já faz a China hoje — principalmente com importações de minério e de produtos manufaturados — além da Rússia — exportando muitos fertilizantes ao Brasil.
Então, de forma geral, o fortalecimento de relações com o Brics é importante. O Brasil possui um papel relevante no grupo e podemos ter bons acordos provenientes da reunião, no futuro.
Pontos importantes do encontro e que podem trazer desdobramentos:
1) A entrada de novos participantes pode favorecer novos acordos comerciais para o Brasil
Teremos uma ampliação das possibilidades para estreitarmos relações com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Argentina, o Egito, Irã e a Etiópia. Com isso, também teremos um equilíbrio maior de poder econômico dentro do bloco. O Brasil ganha também, com novos parceiros para negociar.
2) Brasil no G7 e no Brics
O Brics representa um contrapeso econômico e ideológico ao G7. Dessa forma, cabe ao Brasil tirar proveito dessa posição estratégica e conseguir boas parcerias e relações comerciais com os dois lados da balança. Para o Brasil é positivo e importante estar nessa ‘fronteira’, entre o G7 e países mais ocidentais, já que pode ampliar as oportunidades de comex como um todo e para mais lugares.
3) Uso de uma moeda comum e menor dependência do dólar
Embora transacionar em moedas locais sem a dependência do dólar seja uma pauta comum aos membros do bloco, esse cenário é distante visto a complexidade de sua implementação. Claro, há uma tendência provável, no longo prazo, de maior utilização e fortalecimento do RMB (moeda chinesa), por se tratar da economia mais forte no grupo. Inclusive, atualmente, ela já serve como base para negociações entre Brasil e Rússia, por exemplo. Porém, a criação de uma nova moeda é algo que tende a ser visto com maior desconfiança ainda, devido à complexidade que envolve esse tipo de negociação. Em resumo: o que o grupo vai buscar substituir parte das negociações feitas em USD por RMB, mas não criar uma moeda nova.